sábado, 6 de dezembro de 2008

Ingrediente

Encontrar poesia perdida em caderno velho é ainda melhor que achar dinheiro em bolso de roupa lavada. Essa - antiqüérrima - eu escrevi num caderno de receitas:



Você nunca mais veio dormir comigo

quando nunca mais passou a ser seu abrigo

Mas eu também nunca mais dormi,

nem nunca mais sorri

verdadeiramente.

O ranso ficou para toda vida,

até nunca mais,


até que nunca mais

eu possa ficar sem você

em cada poro meu.

domingo, 30 de novembro de 2008

Minha vida com menos net

Pois é... tem muitas coisas que têm despertado minha vontade de escrever nesses últimos dias, mas tenho me obrigado a deixar passar. Na semana passada, cansada de sentir dores de cabeça e nos olhos, procurei um oftalmo e descobri que estou com ceratite, uma inflamação na córnea provocada pelo uso excessivo do computador. Além de encarar um das 8 às 18, chego em casa e tcharam: ligo o computador! O resultado disso foi um ressecamento dos olhos e, consequentemente, a tal ceratite.
Mas, gente amiga de minha terra, tem sido um bom exercício. Eu, que já aprendi a desligar a tv, agora estou me acostumando com a idéia de ficar sem a net. Logo eu, que andava dividindo o mundo em a.MSN e d.MSN. Tenho lido com mais frequência que a habitual, vi despertar minha vontade de cozinhar (é, ontem fiz um potão de pesto), minha casa está mais arrumada, meus cds em dia e, mais importante, ando à toa, sonhando e só.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

O crime acorda cedo

Já ouvi um monte de histórias sobre esse golpe que vem sendo aplicado por telefone, mas hoje eu fui a vítima. Acordei antes das 7 da manhã com o telefone tocando e, trêmula, constatei que a ligação era a cobrar. Tenho família que mora fora, irmãos adolescentes, enfim... um telefonema a essa hora da manhã não poderia inspirar coisa boa. Pensei, nos segundos que levaram para finalizar a gravação que anunciava a ligação a cobrar numa infinidade de coisas: meus irmãos acidentados um a um, problemas com pai, tio, avós, namorado.

- Alô

Tum, tum, tum...

- Mãeeee, mãeeeee, mãeee, fui assaltada mãe.

Silêncio.

Tum, tum, tum...

Não sou mãe, não tenho filha, é golpe.

- Mãaaaaaae, socorro mãeeeee.

- Filha da p!

Desligo. Coração disparado. Pernas trêmulas.

- Nossa, era a voz da minha tia Lazinha - pensei por um segundo, antes de lembrar que a mãe dela e minha avó já morreu faz tempo.

Sento na cama ainda muito perturbada e constato: se fosse a voz de homem ao telefone eu provavelmente ouviria a voz de um dos meus irmãos. Talvez não caísse no golpe, mas com sono e nervosa, certamente eu iria imaginar desastres antes dos minutos necessários para recobrar minha racionalidade. É cruel esse golpe. Sou jovem, mas imagino o telefone tocando na casa de uma mãe, com filhos reais e ausentes. Uma situação dessas pode matar e você pode até se julgar esperto, mas antes das 7 da manhã... é duro!

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Mantando a saudade de Philippe Geluck

Et des frites s'il vous plait monsieur, pour accompagner!

sábado, 15 de novembro de 2008

Seis anos de descuido divino

Saudades de minha mãe.
Sua morte faz um ano e um fato.
Essa coisa fez eu brigar pela primeira vez
com a natureza das coisas:
que desperdício,
que descuido
que burrice de Deus!
Não de ela perder a vida
mas a vida de perdê-la.
Olho pra ela e seu retrato.
Nesse dia, Deus deu uma saidinha
e o vice era fraco.
(Elisa Lucinda)

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Suando!

Absurdo dos absurdos da vida moderna! Foi isso que eu pensei quando me dei conta de que decidi suar!!! Sim, suar, de suor mesmo. Suar, essa coisa tão humana que, sem perceber, deixamos de fazer ao adquirir, sem parar para pensar, as inovações da indústria. Tudo bem que com esse calor infernal que faz em Goiânia a tarefa não é muito difícil, mas me sinto MUITO mais humana suando. Isso quer dizer que parei de uma vez por todas com os desodorantes que impedem de suar, carregados de alumínio e que fazem mal à saúde. Adotei os desodorantes naturais. Viva!

No início fui motivada pela implicância com o alumínio, substância bastante relacionada com a incidência de câncer, mas depois me veio naturalmente a reflexão do quanto estamos deixando de ser humanos. Não andamos mais, não comemos mais em casa, engolimos sanduíches, comida pronta e fast foods, passamos horas e horas de frente para o computador e, a cada dia, descartamos mais um hábito saudável em nome da pressa, da vida moderna. Estamos nos robotizando em nome dessa vida em que ter tempo pra pensar é luxo, desse capitalismo que nos instiga a produzir, produzir e que faz as pessoas se sentirem culpadas por se distraírem. Ando firme no meu propósito de viver. Viver com qualidade, de uma maneira mais próxima daquilo que se entendia por vida há algumas décadas.

Outro dia li a entrevista de um endocrinologista (ou era nutricionista???) recomendando que só se levasse pra casa aquilo que sua avó reconheceria nas prateleiras dos supermercados de hoje. Tem razão. A modernidade é excelente, facilita tudo e, claro, é muito mais confortável não suar. Mas, tente observar, na próxima vez que for ao supermercado, a quantidade de substâncias IRRECONHECÍVEIS em produtos banais que consumimos diariamente. Tente pensar um pouco: isso é natural???? Como alérgica a corantes e conservantes, pra mim foi inevitável mudar de vida, mas reconheço que é mesmo difícil abandonar uma Coca-cola ... Mas, se te consola saber, desodorantes naturais são eficientíssimos!

domingo, 19 de outubro de 2008

Eu acredito em estrelas cadentes


Filmes sempre mexeram muito comigo e alguns deles já me ajudaram a mudar de vida. Não, não quis ser jornalista só por causa do Superman, mas não sei até que ponto a Loys Lane tem a ver com isso. Mas, fato é que o cinema tem muito a ver com a minha vida... tem a ver com decisões importantes, com atitudes edificantes, com minha forma de viver. Minha mãe me deu uma aula de sexo vendo comigo - tudo programado - A lagoa azul. Riam, se quiserem, mas por mais que tenha sido duro pra mim (que só queria ir jogar bandeirinha na rua), sexo se tornou algo belo, leve, mais do que a qualquer outra coisa...

A Sociedade dos poetas mortos caiu como uma bomba na minha cabeça adolescente e altamente propensa a impulsividade. E acho que foi dos muitas comédias românticas (sim, eu amo!) que tirei coragem pra querer um amor de verdade e não uma ilusão ou algo mais parecido com conformismo (estou falando de amor real, hein?!). Chorei feito boba quando vi pela primeira vez Cinema Paradiso e entendi porque aquela tela grande sempre me fascinou. E quando minha prima Ineida me mostrou filmes fabulosos como Ata-me e O Matador, de Almodovar, Apocalypse Now, Lanternas Vermelhas e tantos outros grande títulos, sentia como se tivesse febre, como se reconhecesse na tela coisas que viviam latentes em mim.

Outras vezes, o contrário também acontece e vejo, como hoje ao assistir Banquete de Amor, conceitos tão meus refletidos em alguns personagens. Sempre (talvez seja muito dizer sempre) achei que o pior erro num relacionamento é supor que se conhece mais o outro que ele próprio. Nesse filme, o marido toma o fato de sua esposa - sabidamente avessa a cachorros - aceitar visitar um abrigo de cães como a cura de sua fobia. Ele resolve presenteá-la com um bichinho e comete o erro de ignorar a complexidade humana. Também me reconheci numa fala do personagem de Morgan Freeman quando ele diz: duas pessoas sabem quando se pertencem e também sabem - ainda que seja mais fácil ignorar - quando as coisas já começam erradas. A gente sabe. A gente sente. E é preciso ter coragem para aceitar, nos dois casos.

Enfim, acho que somos feitos de pedacinhos de coisas e pessoas que nos cercam... a calma do pai, a paixão pelo cinema da prima, a impulsividade da mãe, a franqueza aprendida com uma amiga, os gostos herdados de amigos, namorados, o estilo “roubado”de quem admiramos, a cultura emprestada de livros que lemos. Somos meio Frankenstein e, nesse universo Shelley, devo muito de mim a personagens do cinema que me fazem pensar, sonhar, me entristecer, chorar, amar a vida, as pequenas coisas, acreditar e, sobretudo, sonhar... já que é o sonho que permite amar. Ponto.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Um coração na minha caneca


Teve uma época em que fui muito ligada em misticismo, tarô, I Ching e tudo que pudesse aplacar minha ansiedade com relação ao futuro. Há muito isso passou. Entendi, depois de muitas lambadas, que é impossível ter controle de tudo e, mais recentemente, que os florais de Bach ajudam mais que as cartas do tarô quando a aflição com o futuro me atinge.


Ontem, entretanto, uma coisa curiosa me aconteceu e eu achei fofo me pegar - oportunamente, diga-se - acreditando que recebi um sinal, daqueles! Cheguei ao trabalho um pouco antes das 8 da manhã e, como de hábito, fui tomar café com uma colega que, ao me ver pegar minha caneca, brincou:

- Vou ler sua sorte na borra do café, disse ela, apanhando os cuponzinhos que nos dão direito a um café quentinho e pão na copa do Tribunal de Justiça. Eu ri e não pensei mais no assunto até às 11 horas quando, voltando de uma reportagem, dei com a Aline "Ota" tomando café na copa. Disse um oi rápido e corri pra pegar a caneca que havia deixado sobre a minha mesa pra ir tomar um café com ela.

- Caraca! - Foi tudo que eu consegui dizer quando vi que um coração perfeito estava nitidamente gravado no fundo do copo, como vocês podem conferir na foto. Não consegui controlar o sorrisão diante daquela "prova material" de que a felicidade e o amor estavam ali no fundo da minha caneca, bem no centro do meu destino.

- Um sinal!!!! - Me ouvi dizer, num tom entre a brincadeira e o espanto. Não lavei a caneca e desisti do café (fato raro!). Fotografei e mostrei pra todo mundo aquela marca no fundo, me certificando que eu não estava louca.

Mas, só hoje, vendo as fotos e pensando nessa minha fase mística, é que me lembrei porque acabei desistindo de advinhar futuros: descobri que os oráculos, sejam lá quais forem eles, apenas despertam o que sua alma já sabe.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Do que eu me lembro


Amizade é um pijama de
flanela rosa e
brigadeiro
de colher
pra dois.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Amostra grátis

Chamem do que quiserem chamar: afinidade de alma, encontro de vidas passadas ou sei lá o quê mais. Mas, é certo que, recentemente, tenho trombado – assim como quem não quer nada – com pessoas que têm marcado minha vida de uma maneira muito bacana. Pessoas com quem passei menos tempo do que eu gostaria; que eu quase nunca tenho a chance de rever pessoalmente, e que, ainda assim, se tornam grandes amigos.

Uma delas é Luciene, de Brasília. Loira, alta, bonita, ela estava no saguão do aeroporto de Recife, onde participaríamos de um rali usando o novo Freelander 2, da Land Rover. Ela falava de um jeito esparolado, alegre enquanto nos embarcavam numa van que nos levaria até o Enotel, em Porto de Galinhas. Acho que não chegamos a rodar nem 5 quilômetros e nós já éramos grandes amigas e confidentes. Dentro desse veículo calorento que sacolejava a ponto de me revirar o estomago, conseguimos ânimo para revelar coisas bem doídas de nossas vidas e rir de outras tantas que ainda nos davam gosto para prosseguir firmes, fortes e com um sorrisão no rosto. Durante os três dias que passamos juntas nesse hotel de sonhos, uma amizade sincera foi se consolidando com a mesma rapidez em que ingeríamos caipirinhas.

Também jornalista, Andréa um dia me ligou querendo informações sobre mestrado no exterior ou alguma coisa desse tipo. Trocamos e-mails, nos adicionamos no Messenger, mas só voltamos a nos falar quando meu irmão faleceu, em março do ano passado. Ela, já do outro lado do oceano, se mostrou sensível à mensagem que usei no MSN para chamar os amigos de meu irmão para sua missa de 7º dia, me perguntando de quem se tratava e se solidarizando comigo. Depois disso, por causa da profissão comum, começamos a nos falar via MSN, trocando informações, até o dia em que percebemos que éramos amigas, que dividíamos histórias parecidas (muuuuuuuuito parecidas!) e que tínhamos um caminhão de coisas em comum. Incrível pensar que eu não a conheço pessoalmente.

Outra pessoa especialíssima que despencou na minha vida do nada foi a Marilena. Que descoberta! Estava eu, plena terça-feira, 8h30 da noite, acompanhando um cliente que participaria do Roda de Entrevista, da TV Cultura, quando dei com Marilena. De gaiato no navio, ela aguardava por um amigo jornalista que entrevistaria o meu cliente. Assim que o programa começou, fomos para uma sala atrás do estúdio e, como aconteceu com Luciene, antes de terminar o programa, a mágica tinha acontecido: éramos amigas, das mais queridas!

Ontem, Marilena esteve em casa para um jantar e dizia: "acho que isso é coisa de outra vida." Também ontem, abro um e-mail onde Luciene falava a mesma coisa. Quem sou eu pra duvidar, né não Andréa?

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Entre a cruz e a caldeirinha

Dia 5 tá chegando.
Será que até lá passa minha vontade
de escolher entre Obama e McCain?

sábado, 20 de setembro de 2008

Preguiça de ser bonita


Sempre quis ser dessas mulheres que acordam meia horinha mais cedo para se maquiarem e saírem de casa lindas, impecáveis! Dessas mulheres que vão fazer supermercado como se fossem... sei lá, pra algum lugar que merecesse uma produção. Mas não sou assim. Se eu ponho o despertador para tocar meia hora mais cedo é simplesmente porque gosto do prazer masoquista de saber que posso dormir mais um pouquinho. Não é que eu não seja vaidosa. Tenho lá minhas frescurites como toda mulher. Mas, definitivamente, não perco mais meu tempo em frente ao espelho.
Nem sempre foi assim (sério, fui daquelas adolescentes que se olham até em vidro de carro pra conferir se o baton está intacto) e isso é que torna as coisas um pouco engraçadas. Perto de algumas amigas, sou "o" desleixo em pessoa. Elas, gentis, dizem que sou assim porque tenho "estilo", mas a verdade é que minha vaidade é prática. Gosto de estar bem-vestida, claro; gosto de cuidar do meu cabelo; tenho uma pancada de cremes e maquiagens (fiquei de cara quando descobri que tenho três bases de marcas diferentes!), mas meu mundo não cai se for de qualquer jeito ao supermercado ou ir ao encontro de amigas de jeans, chinela e blusinha num sábado à tarde. Escova no cabelo? Não me lembro a última vez que fiz!
Gente, mas daí a trocar um programa bacana no sábado de manhã para fazer as unhas? Nunca! Faço na terça, na quarta, sei lá que hora ou dia, desde que isso não estrague nenhum dos meus planos. Mas, fato é que as minhas amigas estão sempre irrepreensíveis: cabelos lindos - e lisos-, olhos pintados, boca com brilho cintilante, roupas impecáveis, muitos strass (é assim que escreve?) e eu olho e digo: segunda-feira vou passar a me arrumar mais, vou me maquiar e nunca mais vou passar o fim de semana sem fazer as unhas. Daí, o despertador toca e me dá uma preguiça de ser bonita... e saio de cara lavada mesmo!

domingo, 14 de setembro de 2008

Simplesmente Pat

Meus avós, tanto o materno quanto o paterno, eram homens geniais, cheios de histórias interessantes, fortes, marcantes. É difícil pra mim escrever sobre eles. Minha mãe, que morreu tão jovem e que me faz tanta falta, só aparece como pano de fundo nos meus textos, desabafos, enfim... também não sei se seria capaz de escrever sobre ela, sobre o que ela representa na minha vida. A sensação que tenho em relação a essas pessoas é que ainda que eu juntasse todas as palavras boas do mundo eu ainda seria injusta, que eu ficaria devendo.
Todo esse trelelê pra dizer que fico travada, dedinhos congelados quando tento expressar todo amor que tenho pela minha amiga Patrícia. "Amiga", vocês certamente estarão de acordo comigo, não descreve uma relação que mistura a irmandade, a maternidade, o companheirismo, todo bobeirol, a parceria, o bem-estar, o bem-querer, as broncas, o cuidado. Como descrever alguém que sonha junto com você ao invés de simplesmente torcer? Alguém que abraça suas causas como as suas próprias? Que chora suas dores? Como?
Estão vendo? Toda palavra é pouca. O que eu posso contar pra me fazer entender, ainda que parcialmente? Tá, vou tentar:
Eu sofro de apnéia e estava numa fase meio complicada, dormindo pouco, ansiosa. Ela me levou pra casa dela pra que eu não dormisse sozinha na minha e ficou lá me vigiando um tempão. Outra vez, estava arrasada com o fim de um relacionamento que eu, na época, julgava importante, e ela ficou comigo o tempo todo, chorou junto e - mais fofo -, me emprestou uma camisola linda e novinha só pra que eu me sentisse melhor. Recém-saída da adolescência, fui traída por um namoradinho idiota e, vendo o quanto eu estava ferida, ela se sentou no computador e escreveu uma carta pra ele e assinou por mim... coisa impagável e, depois, completamente hilariante!!!
Quando minha mãe morreu e eu perdia quilos como se fossem fios de cabelo, era ela quem vigiava minha geladeira, era ela quem me fazia papinhas de aveia, quem me obrigava a comer no mínimo seis Twixs por dia e quem comemorou comigo numa farmácia de Liège quando consegui chegar a 52 quilos! Era ela quem segurava meu desespero cada vez que me lembrava que minha mãe tinha partido.
Foi ela quem se meteu na minha vida - sendo ou não chamada - e sempre pra me fazer o bem. É ela quem me liga, com toda naturalidade do mundo, e diz: tô indo pra sua casa, tô insuportável e você vai ter de me aturar! E, mesmo nesses momentos, ela consegue ser tão adorável, tão maravilhosamente humana, bem-humorada e língua afiada, tão Pat.
Foi por ela que tive revelados meus piores defeitos... e sabê-los me doía, mas também me ajudava a extirpá-los. Foi com ela que aprendi a ser menos diplomática e mais fiel, mais verdadeira. Foi ela que me fez entender que mulherzinhas usam dourado e que não ficam menos inteligentes se optam pelo rosa... São dela as minhas confissões mais secretas, meus medos, meus anseios... porque, como acontecia com minha mãe, sei que nela não existem julgamentos pra mim.
A Pat é assim... tem essa simplicidade das pessoas que são grandes e que têm esse dom de serem maiores que os adjetivos que são seus por direito.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Alma lavada

Amo tomar banho. Ficar debaixo daquele chuveiro quentinho deixando a água cair sobre a cabeça e sentir o dia escorrer devagarzinho pelo meu corpo, vendo escoar pelo ralo tudo que não tem a importância das coisas simples. Daí, feito criança, fico imaginando um monte de anjinhos de cristal saltando no meu ombro, que vai se habituando à idéia de ser esquecido depois de uma longa jornada de frente para o computador.
E enquanto o corpo vai relaxando, minha alma vai divagando e fico lá imaginando futuros; rindo de lembranças idiotas e construindo diálogos completamente inventados. Então, inclino o pescoço e, como se fosse possível lavar também as idéias, deixo a água massagear minha testa e o meu rosto, gota por gota. Inspirada pelo cheirinho bom dos produtos que higienizam, misturados ao vapor quente que sobe, faço pequenos desenhos no azulejo ou finjo penteados malucos usando espuma em lugar de spray.
De luz apagada sempre, me ocorre, em dias como hoje, de acender algumas velinhas e escolher um cd pra celebrar esse ritual de limpeza de corpo e alma pra dormir tranqüila.

sábado, 6 de setembro de 2008

Poly et Moi

Gente, mas eu sou tão Polyana, tão Polyana que até chorando eu consigo fazer o jogo do contente. Ainda ontem choooooooooorei de saudade mas, pra aproveitar que já estava chorando mesmo, derramei minhas lágrimas por outras coisas que me vieram ao espírito. Assim (olha a gravidade!!!), já economizava tristeza. Chora logo uns cinco minutos por um bocado de coisa junta, porque assim acaba de vez com o chororô e passa pra frente. Dito e feito. Dez minutos depois eu já gargalhava.
Isso começou eu devia ter uns 10 anos. Lembro que minha mãe veio me falar que eu ia ter de dividir o quarto com meu irmão (o que graças ao meu chororô acabou não acontecendo) e eu, imbuída da decepção total que assolava meu espírito, choreeeeei atéeeeeee. Daí alguém veio me perguntar por que eu estava chorando e eu respondi que era porque minha boneca tinha quebrado. Isso fez minha mãe rir. Mas, admitam: é econômico!
Daí, diante de um comentário feito outro dia pelo meu amigo Rimene, que sem titubear me disse que eu ria demais, conclui: isso é culpa da Poly! Tá, eu também li Heide (confesso) e aquele outro da Adelaide Carrara, O Estudante, sem falar no preferido das misses, o Pequeno Príncipe. Com tanta gente certinha no meu histórico infantil de leitura, não podia dar outra! Virei essa pessoa feliz, tão feliz, que prefere lavar as tristezas de uma vez só. Será que nessa idade ainda tem conserto?

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

A pé e feliz!

Amanhã é sexta-feira e a última vez que tirei o carro da garagem foi no domingo à noite para visitar um casal de amigos. Há duas semanas isso seria praticamente irreal e impensável, pois vivia alucinada, pra cima e pra baixo, dependendo do carro pra tudo. E ele complementava minha casa, era um pouco armário, biblioteca, escritório.
Não precisar tanto do carro foi o primeiro benefício da minha mudança de vida, iniciada recentemente com a troca de trabalho. Decidi não tem muito tempo que quero viver mais, ter mais tempo pra mim, para as pequenas coisas que me dão prazer; história de me sentir mais gente e menos máquina. Saio de casa todos os dias cedinho e 15 minutinhos depois estou lá, sem estresse, sem sinaleiros, sem buzinas, sem fechadas, sem gente maluca gritando com você sem te dar a chance de descobrir o porquê.
Fora me livrar do estresse do trânsito, eu faço, de lambuja, entre as idas e vinda de casa para o trabalho, 1 hora de exercício por dia sem o menor esforço. Esse tempinho precioso em que ando - coisa tão humana - higienizo minha mente, me distraio vendo as pessoas varrendo calçadas, abrindo ou fechando seus comércios, saindo de suas casas pra levar seus filhos na escola, ouço música (precioso!) e sinto o sol no rosto. Carro é útil, muito útil. É inegável. Mas, em excesso cega, atrofia e afeta os nervos.
Que gasolina que nada! Manter o carro na garagem economiza maracujina.

domingo, 31 de agosto de 2008

Pra ele acabou

Parecia filme americano. Cheguei em casa na sexta-feira no fim da tarde e me deparei com carros da polícia, do corpo de bombeiros, da perícia, muita gente aglomerada na porta do meu prédio, isolada por fitas amarelas e pretas. Tomei um susto enorme e fui perguntando aos vizinhos com quem cruzava o que tinha acontecido. Mataram a tiros o meu vizinho, um homem de 51 anos, com quem eu cruzava quase diariamente, uma vez que estacionávamos nossos carros um ao lado do outro.
Nossa relação nunca atravessou os polidos "bom dia, boa tarde e boa noite" mas isso não torna a coisa menos chocante. Ele foi abordado enquanto estacionava seu carro e alvejado na cabeça, no ouvido e no pescoço por uma pessoa que estava na carona de uma motocicleta. Assassinatos são naturalmente brutais, mas quando eles acontecem na sua porta, envolvendo alguém conhecido, conseguem ser ainda mais.
Mas, o mais impressionante nesse caso, que ganhou as primeiras páginas de jornais, é a história triste desses personagens. Vizinhos e imprensa dão conta que o ódio reinava nessa família, que tem outros dramas igualmente expostos na mídia, como o suicídio da irmã gêmea de meu vizinho e sua briga de anos e anos com o pai e os irmãos. Esse fato consegue me entristecer ainda mais que o assassinato em si. Se o assassinato choca, o esfacelamento dessa família comove.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Dando a cara pra bater

Quanto eu tinha uns quatro anos, talvez um pouquinho mais, um vizinho de fundos morreu. Coisa feia. Ele viajava num caminhão carregado de madeira, que caiu numa ponte. O homem foi atingido por uma das toras e não teve a menor chance de sobrevivência. Por causa da gravidade do acidente, minha mãe não tinha coragem de ir ao quintal sozinha porque, do muro que dividia nossas casas, era possível ver o morto sendo velado.

Talvez por pura teimosia resolvi provar a ela que eu podia fazer isso. Caminhei até lá sozinha, à noite (na verdade não tenho certeza se era à noite, mas é como eu me lembro da cena) e espiei pelo muro. É macabro, mas até hoje tenho a imagem do rosto dele, de quem não guardo mais sequer o nome.

Foi importante pra mim, já naquela idade, saber que eu não tinha medo. Sabe-se lá Deus porque é que um ser humano de quatro anos precisa se saber forte. Talvez pela mãe frágil? Não sei. Mas fato é que - isso eu também me lembro com clareza - quando atravessei o quintal minhas pernas tremiam. Medo eu tinha, mas podia encarar. Pronto. E acho que isso mudou minha vida pra sempre.

Agora, estou eu aqui precisando atravessar o quintal mais uma vez. Como naquela época, minhas pernas tremem, mas do outro lado do muro o que se vê é uma porta aberta.

domingo, 17 de agosto de 2008

Non, rien de rien

Hoje faço 36.
E tenho 63
Ou 9.
O que me importa a idade,
esse diabo?!
Tenho anos,
sei lá quantos!
Todos bem vividos...
e um espelho
que me faz feliz!

sábado, 16 de agosto de 2008

Sábado

Porque hoje é sábado
desejei você
uma moto
Londres
vento
e a garantia de um abraço...
Porque hoje é sábado
desejei feijoada
barriga cheia
sono
e seu ombro
Porque hoje é sábado
desejei caminhada
mãos dadas
beijo na grama
noitada
hã?!
Mentira!
Então hoje é segunda?!

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Triste

Tive o azar de ver - sem querer - a foto do esquartejamento da inglesa Cara Marie, que me foi repassada no corpo de um e-mail. Depois disso, já recebi outro correio eletrônico com o mesmo teor. Acho um desrespeito o repasse dessas fotos. É mais uma violência contra essa moça!

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Tiquinho de poesia

tem os que passam
e tudo se passa
com passos já passados

tem os que partem
da pedra ao vidro
deixam tudo partido

e tem, ainda bem,
os que deixam
a vaga impressão
de ter ficado

(Alice Ruiz)

domingo, 10 de agosto de 2008

A caixa do supermercado

Quanto ganha um caixa de supermercado? Um salário mínimo, talvez menos? Esta é a pergunta que me passa pela cabeça toda vez que encontro Rosirene, a caixa que me atende no supermercado que freqüento.

- Oi D. Aline! Ué, a senhora anda sumida! Algum problema? - ela me perguntou logo que voltei das férias. E não raro, ela reconhece meus hábitos me questionando sobre escolhas não habituais:

- Não está comprando mais as torradas X não? - ela diz. Outras vezes, me alerta:

- O peixinho está fresquinho, viu? - E por aí vai.

Ontem, ela me viu na fila de um outro caixa, emperrada por um problema com o cartão de uma cliente. Cheia de expediente, ela não hesitou em abrir o caixa ao lado e passar meus produtos enquanto fazia sinal para socorrer um outro cliente da fila, a quem ela também chamou pelo nome.

É claro que essa moça é paga para se comportar assim! É paga para me chamar pelo nome, para ser gentil e sorridente. Mas, por que nenhum outro caixa trabalha da mesma maneira? Eles são polidos, amáveis, educados. Mas, à parte quando lêem meu nome na tela do computador, ficam no bom dia, boa tarde, obrigado e volte sempre.

E eu te pergunto: por que Rosirene age assim? Acho muito duro alguém se motivar tanto por um salário mínimo. Mas, a resposta pra isso eu só tive hoje. Pleno domingão, duas da tarde, eu parada no sinaleiro da Tamandaré com a Assis Chateaubriand, eu a vi se dirigindo para o supermercado, enfiada no seu uniforme impecável. Ela sorria. E eu entendi tudo!

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Identidade

Eu?
Eu vagueio...
Certa do rumo dos ventos!

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Viva Graham Bell

Adoro esse moço
que fez esse treco oco
ecoar tão longe.
Mas um dia
quero você mudo.
E que isso diga tudo!

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Cama e Radiohead

Enquanto você dorme,
sonho sonhos de insone
E acordo ao seu lado.

Esperar

A música começar
O dia amanhecer
Alguém desligar
A página abrir
A fila andar
O mês acabar
O download
O arquivo
O telefone tocar
A pizza assar
A foto
O texto
A reunião
Ter tempo
O elevador
A hora do almoço
O garçon
O sábado
O aumento
A felicidade
A inspiração
O sono
O médico
O resultado
Bebê
O cabelo crescer
A amiga
A chuva
O sinal verde
Dezembro.
...
...
...
Por você,
um segundo,
dói!

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Filosofia He Man

Ontem abri uma garrafa de champagne por um motivo justíssimo!
Eu que sempre achei que o melhor jeito de tomar champagne era sem motivo, descobri mais um!

quinta-feira, 31 de julho de 2008

Dançar com vocês!

Poucas coisas na vida são tão boas quanto amigos. Apesar disso, saí de casa ontem às 22h15 para o meu tradicional encontro com as meninas do Mexe & Vira sem muita animação. Um compromisso de trabalho me obrigaria a acordar hoje às 5h30 e isso estava me tirando o ânimo. Mas, fui assim mesmo. Uma das meninas tinha chegado de férias e o fato de querer revê-la acabou contando mais. Nem todas as garotas foram, o que reduziu o nosso grupo a apenas três...

Sentadas na mesa da cozinha da Elaine (sem toalha, medida de segurança tomada toda vez que estou presente para preservar os lindos forrinhos da mãe dela), abrimos um vinhozinho, pedimos comida chinesa por telefone e começamos a jogar conversa fora, a sonhar bobagens, falar dos nossos "meninos", rir de tudo e de nada. Até alguém comentar que gostava da música Amado, de Vanessa da Mata, e eu - comprovadamente incapaz de cantar uma estrofe sem modificá-la - apostar que eu sabia cantar a música in-tei-ri-nha!

Acabamos as três no escritório, devidamente acompanhadas das nossas taças de vinho, cantando alto essa música e outras tantas do play-list de minha amiga. Empolgadas, dançamos e não economizamos as cordas vocais até o porteiro avisar que estava difícil dormir no 401. Ficou difícil até a terceira reclamação... e, entre muitos risos, resolvermos que já era hora de ir pra cama mesmo.

Ao acordar hoje às 5h30 da manhã, foi impossível não pensar em como vale a pena viver sob a filosofia de fazer questão das pessoas, dos amigos, dos pequenos e tão maravilhosos momentos como esse. Eu acordei com sono sim... mas, nada que um bom café não resolva! Fora isso, devo informar que ganhei a aposta!

domingo, 27 de julho de 2008

De olhos bem abertos

Dizem que o amor cega.
E eu nem aí pro transplante de córneas!

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Gravidez

Cresce devagar

e o amamento com palavras doces

e o gero com gosto,

gozo, sorrisos e saudade,

esta placenta

rosa, macia, quente e proterora

sem ameaças ao

meu filho mais legítimo

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Azul da cor do mar

Tive a sorte de viver numa famille d'amour, como dizem os belgas. Cresci amparada por pais apaixonados, num lar de verdade com amor que se trocava fácil, com carinhos inesquecíveis e imprescindíveis como o beijo de boa noite, a coberta ajeitada na cama, almoços e jantares bem no estilo família de margarina. Sorrisos, broncas cheias de amor e fins de semana que começavam depois de Se meu fusca falasse...

Nosso cotidiano era construído com pequenos gestos gentis seguidos de um simpático "obrigadim tim tim...", de colos, de pratos preferidos, de pequenos mimos e isso tudo me fazia acreditar firmemente que a felicidade morava naquela casa azul da praça, onde se tocava bolero aos domingos, num tempo em que segurança era estar a salvo de pernilongos debaixo de um mosquiteiro rosa que o pai vigiava como um herói.

Lembro como hoje de quando meu pai viajava a trabalho e minha mãe recebia seus bilhetes que terminavam sempre e incondicionalmente com a frase SAUDADE É UMA PARTE AFASTADA DA OUTRA PARTE QUERIDA. Quando ainda morava fora do Brasil, recebi do meu pai uma carta com o mesmo final e isso, de alguma maneira, me fez acreditar em futuro. Não restava muito mais da casa azul, mas algo muito forte sobrou disso e, depois, ninguém esquece um endereço assim.

terça-feira, 22 de julho de 2008

ChatEMAILação

Você chega na mesa do seu colega de trabalho e perde meia hora do seu dia explicando uma necessidade sua como cliente interno:

- Olha eu preciso que você crie pra mim o seguinte material: quero uma coluna com 9x 21, com o cabeçalho assim, com a logo ASSADO (arquivada na máquina tal, pasta tal), essa coluna precisa ser 4x4 e minha intenção é que ela atinja o público ABBBC. O conceito da peça está no arquivo tal e o texto base, que na verdade é um resumo de tudo que estou te explicando, está na pasta Y.

Ele ainda tem dúvidas e você pacientemente as esclarece.

- É acho que pode ser assim. Acho que o vermelho moderniza e que vai trabalhar favoralvelmente pro nosso objetivo final. oK?

Então, enquanto você espera o OK final e já se imagina voltando pra sua mesa com a sensação de ter feito um bom briefing, o cara te olha nos olhos e diz:

- Então, nós vamos fazer o seguinte: você me manda um e-mail com tudo isso que você explicou e eu providencio tudo.

E nós estamos na era da comunicação!

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Du fond de mon coeur

Essa é a primeira foto que posto no Caneca da Nina. Muitos vão achá-la mórbida e eu vou ter de concordar. É mórbida sim. Mas, quando penso em amor, desses de verdade, olhar pra ela me consola.

Cinema

Ontem fui ver Batman - Cavaleiro das Trevas.
Devia se chamar Coringa!

sábado, 19 de julho de 2008

Você é quem tinha razão

'A gente precisa ser feliz, nem que seja na porrada'.
A frase é de Dercy Gonçalves, que morreu neste sábado, aos 101 anos.

Tenho de concordar, com meus pulsos doloridos e coração leve!

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Enfim faz sentido!

Descobri que a felicidade é muda.
E que te usa como mímica.

terça-feira, 15 de julho de 2008

Pra minha amiga Cejane

Porque poesia sempre faz bem à alma e porque sei que você entende:

A morte é indolor.
O que dói nela é o nada que a vida faz do amor.
Sopro a flauta encantada e não dá nenhum som.
Levo uma pena leve de não ter sido bom.
E no coração, neve.

Thiago de Mello

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Batatinha quando nasce se esparrama pelo balcão...

Amo café da manhã! Aliás, acho que durmo já pensando em acordar, só pra tomar um bom café. Mas, um bom café sem um jornal, não é um bom café. E, como nesse último sábado eu estava sem computer, sem net e, consequentemente sem jornal, decidi ir tomar café na padaria da esquina da minha casa. Sentei no balcão, pedi o café, um pãozinho aquecido na chapa com presunto e queijo, comprei o jornal e fiquei por ali...

Descobri que a moça do balcão, que sempre me entrega o pão com um sorrisão no rosto toda manhã, é chamada curiosamente de Batatinha pelos clientes da casa. Negra, de corpo atarracado e uniforme azul e cinza bem passado, ela é daquelas que trazem no rosto uma meiguice e uma doçura do tipo original de fábrica.

- Quer com muita manteiga?, ela me perguntou com ar de quem quer agradar, enquanto eu a observava.

- Não. Prefiro com o mínimo de manteiga possível!, eu respondi, mas sem coragem de dissuadi-la a colocar menos presunto no pão. Afinal, eu já a tinha espantado recusando o açúcar e o adoçante que ela me oferecera para o café, que bebo sempre amargo.

Enquanto ela preparava um sanduíche para uma moça alta e corpulenta, a quem ela chamou pelo nome, chegou um moço pálido, com óculos de grau antigos, camisa pólo vermelha e azul e andar preguiçoso. De cara, ela observou:

- Tá pálido hoje fulano! - E bastou isso para que ele se sentisse estimulado a falar sobre uma tal cirurgia.

E o rapaz foi falando de seus medos, do resultado do exame que não deixava clara a regressão da doença, enquanto Batatinha respondia a tudo repetindo as últimas frases do cliente.

-Vou ter de internar na segunda pra ver. Mas, se o exame não der negativo, vou ter de operar de novo.

- Ah, meu Deus, operar de novo né?

-É. Senti muita dor de ontem pra hoje, mas tomei o remédio que o médico mandou, levantei umas duas vezes à noite, mas já estou melhor.

- Tá melhor, né? Graças a Deus então -, respondia ela se abaixando para limpar o balcão ou preparar mais um café.

O que era evidente, nesse diálogo banal num sábado de manhã, era o ar de prestação de serviço, como se aquela conversa toda fosse um extrinha qualquer, como pegar mais açúcar ou aquecer mais um pouco o copo de leite. E assim o diálogo foi correndo. Percebi que a moça não absorvia tudo o que o pobre rapaz dizia, mas que ele ia ganhando cor a cada gole de leite com café quente.

Batatinha não escutava tudo o que ele dizia, mas à sua maneira, dava a ele uma atenção que, naquele momento, em meio a tantos pães na chapa, capuccinos e catchups extras, parecia milagrosa. Pude ver ali, naquela moça, que caridade fast food tem o mesmo sabor de um bom café... e que não custa mais do que isso. Lição de Batatinha, que nesse caso, se esparrama pelo balcão!

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Arremesso

Peço perdão pela expressão, mas preciso botar isso pra fora! Que merda é essa que está acontecendo nesse País? Arremesso de bebês virou um novo esporte depois de todo o exibicionismo midiático do caso Izabela Nardoni?

Outro dia uma louca jogou um bebezinho de oito meses pela janela do sexto andar de um edifício em Curitiba. Aliás, morar no sexto andar, como bem colocou uma amiga hoje, já está ficando suspeito para pais e mães brasileiros. Motivação da moça : "não queria cuidar dessa criança"! Ontem um outro maluco de Recife me joga uma criança no esgoto inconformado com a separação da mulher... que idiota!

E eu fico me perguntando: é possível modismo em casos como esse? Quem tem culpa nisso? A mídia por dramatizar casos como o de Izabela e "fazer propaganda" da modalidade? O que leva essas pessoas a pensarem primeiro em imitar os Nardoni antes de entregar as crianças para adoção? Que loucura é essa????? Alguém tem um estudo, uma tese, algum psicólogo se habilita a explicar?

É, galera, pra mim tem explicação que convença não!

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Zappeando

Hoje liguei a tevê. Mas, pra ver um filme, A Espiã. Impressionante como esse gesto de ligar a tevê é cada vez mais raro. Nunca fui de prestar muito atenção no que a caixinha colorida mostra, mas sempre me deu uma sensação de lar aquela musiquinha do Jornal Nacional. Então, durante muito tempo deixei no automático a rotina de chegar em casa, apertar o botão de ligar, pegar o livro da vez e me sentar de frente da tevê pra ler! Se não fosse um livro era uma outra coisa, mas a tevê estava sempre lá como alguém da família que fala muito e ninguém escuta.

Tenho de ser justa e confessar que também já tive momentos de solidão em que ela foi amiga. Dias em que ela me fez companhia nas muitas noites em que o sono não vinha por motivos muito justificáveis. Mas, enfim, talvez porque estão cada vez mais distantes as lembranças da família junta jantando com o barulhinho das notícias ao fundo, esse gesto tem ficado esquecido, quase extraordinário.

Não que eu não goste de tevê. Gosto sim. E ainda me surpreendo com coisas bacanas como CQC, da Band. Mas, com a velocidade em que as notícias chegam à net, a tevê – agora agregada ao computer - se tornou mais seletiva e tem, sim, perdido espaço na minha vida. Acho tudo meio repetitivo ultimamente e é hors question ligar a tevê no domingo só de medo de ouvir a voz do Faustão, ou pior, do Tom Cavalcante! Cruz credo mangalô três vezes!

Acho que a tevê - aberta - precisa sair desse modelão antigo, cansativo e tão desestimulador, dessa fórmula que emburrece e insulta o telespectador. Estou enganada ou li em algum lugar que as audiências das novelas da Globo estão despencando? Novela no Brasil tem papel importante e eu ousaria dizer que muitas vezes até educativo. Mas, não posso negar o prazer que sinto em saber que as pessoas estão aprendendo a viver suas próprias vidas, se tornando protagonistas de suas próprias decisões! Eu descobri que sou a mocinha faz tempo e a tevê estava desligada! Se é que vocês me entendem.

domingo, 6 de julho de 2008

Tarefa difícil

Tia Nine, eu di pra ele e ele não quis.
Mas eu já faziiiiiiiiii!
Ele vomitou no ômbinus?
Já tá chegando no supumecado?
Tá, mas eu só quero o caldinho da mojoca.
Eu gosto de fooundi!
Tia Nine, esse aqui não é o Foboyant!

É meus amigos, corrigir, diante de tanto charme, é tarefa dura pra tias apaixonadas!

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Interrogação

Googuei você + saudade
566 mil respostas
Nenhuma explicação!

Deus me perdoe!

Acharam o padre dos balões.
Deve ser porque acabou Lost.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Esquecimento emagrece

Outro dia uma amiga minha me disse:
- Nossa que calça linda!
Destraída eu respondi:
- Nossa (porque "nossa" tem de iniciar as frases das peruas goianas) essa calça deve ter uns dez anos.
- Noooooooooossa e ainda te cabe?!
Não sou, nunca fui e nunca serei rata de academia. Como de maneira saudável, é certo. Mas, meu fds inclui cervejinha, churrasco, massas e todos os pecados gastronômicos existentes no planeta terra que o meu dinheirinho consegue pagar. De exercício, apenas parcas caminhadas - mantidas mais pela higiene mental - e alguns quilômetros de bike duas vezes por semana (quando dá). Meu problema com malhação (e com quase tudo na vida) é esse: só faço o que me dá prazer!
Sabendo disso tudo, vocês certamente se perguntarão:
- Noooooooossa, como é então que ela cabe nas calças de dez anos atrás????!!!
Sou esquecida! Essa é a resposta.
Já urrei de raiva a cada vez que esquecia o celular e tinha de voltar pra buscar; que esquecia a chave do carro e voltava pra buscar, que esquecia onde parei o carro e passava meia hora procurando; quando ia ao banco pagar a conta e esquecia a conta e tinha de voltar pra buscar... mas, hoje realizei que é isso que salva o meu USTop 38...
Noooooooooooossa, será que não dava pra esquecer a marca da calça também, não?!!!!

P.S.: A calça é Levis gente. Até porque eu nem conheci a USTop... eu sou jovem e só escuto Detonautas!

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Fidúcia

Sem sombra de dúvidas,
certezas existem!
E são calmas,
em seus vestidos de seda.

terça-feira, 1 de julho de 2008

Meu sangue

Hoje acordei às 5 da manhã pra buscar meus sobrinhos - Lara, 4, e Gabriel, 9, que chegavam de viagem para passar as férias julho em Goiânia. Não tinha dormido bem de domingo pra segunda e me custou abrir os olhos quando o despertador tocou. Mas, meu Deus, o que acontece com a gente quando eles abrem aqueles bracinhos e saem gritando pelo nosso nome? Que feitiço é esse que faz tudo valer a pena, mesmo às 5 da manhã e sem o primeiro e NECESSÁRIO café preto?

Inspirados antes mesmo de aparecer o sol, eles me ajudaram a por a mesa para o café-da-manhã, disputando a pilha de pratos e quem colocaria - e onde - cada talher. Depois de praticamente ignorar a comida, me fizeram ligar o computador para que eles deixassem recadinhos para as minhas amigas na internet! O recado ficou por minha conta, mas as "tias" receberam a assinatura de cada um digitada solenemente. Cheguei às 8 horas no trabalho, não sem antes deixar o carro pra lavar pois tinha leite espalhado por todo o tapete! Mas, que coisa boa passar o dia fazendo planos pra eles.

Sei, de antemão, que este mês de julho vai me exigir muito. Serão parquinhos, sorvetes, zoológico e Mutirama pela enésima vez (se Deus quiser nenhum joelho ralado), piscina - de água e de bolinha - e muitas passadas nos já catalogados pula-pulas de Goiânia... Tudo isso fora as vezes em que ouvirei mil vezes "tiiiiiiia Niiiiiiiine" em questão de minutos!

Mas, que realização estranha que me dá quando chego em casa no fim do dia - já com saudade dos pestinhas - e vejo aquelas marcas de pezinho sujo por toda minha roupa e passo rindo pro chuveiro pra tirar de vez o grude do picolé que eu nunca sei quando, nem como, vai parar no meu cabelo. Resistam a isso, se quiserem ou se forem fortes o suficiente. Eu já entreguei os pontos e compreendi que é o sangue, o nosso sangue, que muda o conceito de cansaço.

segunda-feira, 30 de junho de 2008

Ei BOB, quer sair comigo?

Um dos meus programas preferidos é jantar com amigos ao redor de uma boa mesa, de um rouge adequado e música de qualidade. Juntar culinária, vinho correto e amigos me renova a alma. Além dos meus amigos muito muito próximos com quem sempre celebro a vida desta forma, tenho um grupo - As Meninas do Mexe & Vira (o nome é uma história que conto depois) - que se reúne toda quarta-feira. Nunca fomos de "entornar todas", mas o vinho sempre foi convidado de honra dos nossos encontros semanais.
A "lei seca", entretanto, tem preocupado as integrantes Mexe & Vira. Uma delas questiona: mas, não é muito rigorosa essa lei? Acho que não! Exagero é achar que se pode dirigir depois de beber QUALQUER QUANTIDADE DE ÁLCOOL. É claro que muitos de nós já pegamos o carro depois de tomar dois inocentes chopinhos e chegamos sãos e salvos em casa. Mas, a intolerância tem de ser total, visto que a maioria dos adeptos da cervejinha acredita estar sempre bem mesmmo dispoix j'uins copim de naasssda!!!!
No período em que vivi fora do Brasil, na Bélgica, conheci um personagem que - TOMARA - será bem popular por aqui: o BOB. BOB é como chamam lá o amigo-motorista da vez que sai sem beber. Neste sábado, o meu BOB foi minha amiga Michels e olha que eu tomei três cervinhas Sol de 250 ml e acreditava estar bem pra dirigir. Me senti muito confortável no banco de trás e já estou na dívida com Michels. Acertado isso, nos nossos encontros de quarta o vinho continuará bem-vindo. Questão de mudança de hábito e de respeito pela vida!

sábado, 28 de junho de 2008

Futuro

Santos, todos os santos:
o que, depois de chorados seus mortos,
pode zerar de novo a vida?

quinta-feira, 26 de junho de 2008

As melhores coisas da vida (Parte 3)

Ser chamada de Menina Difícil e achar lindo
Sotaque
Ouvir uma canção antiga de Roberto
Falar tudo sem dizer nada
Dormir de conchinha
Acordar e descobrir que é sábado
Saber a diferença entre solitude e solidão
Morangos gelados
Chá
Champagne
Sexta-feira
Picolé de fruta
Emagrecer
Brincos
Ver que seu cabelo cresceu
Sombra num dia quente
Cidade do interior
Sapatos
Dormir na beira da cachoeira
Ganhar presente sem motivo
Decidir mudar de vida
Ter coragem de mudar
Feirinha
Futebol na época da Copa
Cantar bem alto e sozinha no carro com os vidros fechados
Poder dizer o que pensa
Ver os dias passarem rápido, quando você precisa que eles passem rápido
Congelar os dias quando você está perto de quem você ama
Tomar banho de luz apagada e ouvindo música boa
Rezar de tão feliz

As melhores coisas da vida (Parte 2)

Bebês
Cheiro de bebês
Aniversário
Cabelo limpo
Lençol lavado e cheiroso
Água
Árvore
Livro bom na hora de dormir
Descobrir uma receita ótima
Rir até doer a barriga
Ouvir aquela música que você gosta no rádio
Chorar de alegria
Dizer Foda-se de vez em quando
Tomar um café gostoso e amargo no começo do dia
Reencontro em aeroporto
Ficar vermelha com uma cantada
Descobrir um site com todas as poesias que você ama
Ir ao cinema sábado à tarde
Visitar o mercado e sentir o cheiro de frutas
Deitar na grama
Passar um tempão ouvindo barulho de água
Dormir na frente da lareira
Comer depois de uma caminhada exaustiva
Pensar andando
Dia de folga
Bicicleta
Short
Sol
Fim de semana a dois
Fim de semana com amigos
Fim de semana
Poesia
Chico Buarque
Saudade boa com bombom
Festa de família com barulho de criança
Natal
Poder voltar atrás
Ir ao salão de beleza e sair linda
Pintar o cabelo de loiro
Ganhar uma bolsa linda
Comprar uma bolsa linda
Sonhar ouvindo música
Sentir o coração disparado ao ver alguém

As melhores coisas da vida (Parte 1)

Colo de mãe
Abraço
Casa
Família
Orgulho de pai
Comidinha de vó
Sorriso de sobrinha
Beliscar na panela
Gargalhada na cozinha
Cheiro de mãe misturado com Acqua Fresca
Acordar de manhãzinha
Tomar leite de cócoras no fogão à lenha da fazenda
Passar a tarde com relembrando os bons tempos com as primas
Acordar com alguém te ajeitando as cobertas
Domingo de preguiça
Dormir com chuva
Fofoca de tia
Pipoca
Guaraná
Filme de comédia
Namorado
Telefonema que você espera
Telefonema que você não esperava mais
Carta
Amigos
Achar dinheiro perdido no bolso
Viajar
Chegar em casa
Tirar o sapato
Tomar uma taça de vinho tinto
Olhar o mar
Falar uma hora e meia ao telefone e achar que só se passaram cinco minutos
Fazer bolo de chocolate e dar certo
Andar descalço
Tomar banho de chuva
Achar um vestido que você ama
Ele servir!

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Dr. Neurose

Sou hipermegaultraalérgica. Não posso com corantes, conservantes e fico estragadinha se estou próxima a poeira, mofo, sabão em pó, fumaça e já fiz visitas noturnas a prontos-socorros só porque resolvi beber um copo de fanta. Ventilador e serial killer, pra mim, significam quase a mesma coisa e um simples ketchup já me deixou a cara do Túlio Maravilha por mais de uma vez... Por causa dessas minhas histórias escuto comentários adoráveis que me comparam a pintinhos de granja e até que eu deveria me casar com um dono de farmácia (ainda bem que não bebo remédios!).
Mas, fato é que, com essa sensibilidade toda, nunca morri por ter comido um pedaço de bolo que uma formiga passou em cima. Ontem vendo o aquele quadro do Fantástico, do dr. Bactéria, fiquei pensando mesmo que isso deve ser milagre. Gente, as bactérias dominam o mundo!!!!!!! Caramba! E eu não morri depois de ter comido em bandejas de fast foods infestadas por coliformes fecais, não morri porque sempre guardei comida quente e tampada na geladeira, estou vivinha depois de lavar a louça com um ninho de bactérias (leia-se bucha). Pinto de granja, eu?!!!
Gente, higiene é importantíssimo, mas eu chamaria aquele homem de dr. Neurose! Eu hein?! É certo que ele dá dicas valiosas, mas ontem eu vi o quadro inteiro pensando na mulher do cara. Se é que ele casou, né? O que ele não deve exigir da pobre coitada antes de um beijo! Ei dr. Neurose, prefiro comer bactérias com molho tártaro a viver assim, viu?
Beijo, me liga!!!!

domingo, 22 de junho de 2008

Teoria do Cipó

Uma prima foi comigo ao parque com seu filhinho, de 5 anos. Vendo o menino correr e com medo que ele atravessasse a rua, ela gritou: - Volta aqui ou o homem mau vai te pegar!, ou algo do gênero. Culpada, ela se vira pra mim e justifica:

- Com meninos (sexo masculino) tem de ser assim. Não sou de acordo com esta política do medo, mas às vezes sou obrigada a lançar mão desse recurso para fazê-lo parar.

A cena me fez pensar imediatamente no meu avô, de longe o personagem mais interessante que já conheci e que põe abaixo todas as teorias modernas sobre a educação. Psicologia nunca foi o seu forte e ele passava longe daquilo considerado hoje como politicamente correto. Me lembro com clareza – apesar de na época eu usar ainda aquelas calcinhas com babadinho no bumbum - do dia em que ele resolveu tomar uma atitude drástica, quando constatou que, apesar de suas broncas freqüentes, nós (os netos) não deixaríamos de brincar na areia que ele usaria numa reforma da casa.

Não vimos quando o velhinho barrigudo, de olhos bem azuis, cabelos castanhos bem lisos e que vestia camisas sempre queimadas por faíscas de cachimbo voltou com o revólver na mão e deu dois tiros pra cima. Até hoje dou gargalhadas quando lembro o estado em que eu entrei em casa gritando pela minha mãe e dizendo que meu avô queria nos matar! Não me recordo ao certo quanto tempo durou, mas posso apostar que na tarde desse mesmo dia, nós já estávamos todos lá, enterrando nossos pés bem fundo naquela areia amarela e fina.

Essa foi só uma de suas histórias, mas ele já me deu surra de cipó tentando controlar meu gênio de menina mimada que jogara longe as balas que ele gentilmente me oferecia porque elas não eram da marca que eu gostava. Já correu atrás de mim com um cinto - mais por brincadeira do que por raiva - porque eu lhe presenteei com lama numa vasilha bonita que peguei emprestada na estante da minha mãe. Já deu broncas astronômicas nos meus primos e não era raro ele dependurar um mais teimoso de cabeça pra baixo por alguns minutos.

Uma vez ele flagrou dois dos meus primos roubando doces e, calmamente, pediu aos dois que entregassem um bilhete ao delegado da pequena cidade onde ele morava. Enquanto escrevia, diante dos dois com olhos arregalados, ele ia recitando alto e pausadamente o que escrevia: “Peço gentilmente ao senhor, caro delegado, que prenda os portadores deste bilhete por furto de doces e por desrespeito ...” e por aí e ia. É certo que ele se divertiu mais que os meus primos que, por outro lado, nunca mais foram surpreendidos na despensa.

Mas, nada disso NUNCA significou trauma para qualquer um dos meus primos ou pra mim. Nós éramos AMADOS. E, essa sutilidade do saber-se amado - apesar de respeitar tudo que dizem os especialistas de hoje - eu não troco por nenhuma teoria metida à besta

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Reflexão sobre a distância

Por que pensar em quilômetros, se pensar em horas me deixa muito mais perto de você?

Dramas de menininha

A-do-ro praticidade. Amo legumes cortados, embalados à vácuo e prontos pra serem cozidos. Não vivo sem massa pronta e, posso até não conhecer o moço, mas tenho paixão pelo inventor do delivery. Diante disto, locadora, pra mim, tem de ser no caminho de casa, assim como salões de beleza. No entanto, minha manicure, que fica ao lado do meu trabalho - o que me garante boas escapadelas em nome da estética -, PRECISA ser abandonada.
A moça já acabou com o meu dedão do pé por três vezes! A última delas no mês passado, um dia antes de eu viajar para o exterior. Sofri 20 dias com uma inflamação miserável que me obrigou a percorrer a Europa inteira a bordo de uma crock, aquelas sandálias HORROROSAS! De volta há quase um mês, sou uma sem-salão!
Eu e minhas unhas em frangalhos ainda estamos procurando alguém que caiba na nossa vida, que se encaixe no nosso prático caminho para vivermos uma nova história de amor... pelo menos até a próxima inflamação.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Tempo

Segundo.
Minuto.
Hora.
Dia.
Semana.
Mês.
Ano.
Hoje já é amanhã?

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Culpa do garrafão!

Das delícias de se morar sozinho posso tranquilamente citar aquelas bem egoístas como comer só o que você gosta, na hora que você quer, na frente da tevê e, se você bem entender, de pijama. Você manda na tevê, pode andar só de calcinha pela casa, ligar a tevê, o rádio e o computador todos de uma só vez e preferir, no final das contas, ler um bom livro.

Você dorme com a cama só pra você, pode ler com a luz acesa e o rádio ligado até às três da manhã. Pode deixar a louça pro outro dia sem dor na consciência. Morar sozinho é delicioso quando chega domingo e você pode se sentar em frente ao computador com sua xícara de café quente e ler o jornal de camisola, sem se preocupar com nada. Pode, sem o menor estresse, parar a faxina no meio e sair pra almoçar com os amigos. Pode almoçar 3 da tarde ou não almoçar e tomar um balde de sorvete só porque está sem ânimo pra enfrentar as panelas.

Pode deixar 4 pares de sapatos espalhados pela casa até se decidir que já é hora de tomar jeito e pôr tudo no lugar. Pode escolher os filmes que quer, ver na hora que quer e parar no meio só pra tirar um cochilo... Escolher a decoração sozinha e, em eventuais surtos, mudar tudo de lugar sem ninguém reclamar.

Morar sozinho é ótimo. Menos quando chega o garrafão de água mineral e você não está em casa... e aí você tem que se virar com o trambolho e vê que bem que morar com alguém também poderia ser MUITO legal.

terça-feira, 17 de junho de 2008

Martelinho

Axé - arrrggggg!
Música eletrônica = barulho
Música sertaneja - nãooooooooooooooo!!!!!!

Quando a gente é mais novinha fica fácil conceituar tudo assim, né? Pois é, mas a maturidade tem me batido na cabeça como um martelinho, despedaçando todos os meus preconceitos e me mostrando que o bom mesmo é ser aberto e curtir! Muito!

Há dois anos uma prima me convidou pra ir ao show do Jamil e Uma noites, negócio de antecipar o Carnaval, uma coisa assim... Recusei e já ia dizendo que preferia ficar em casa no sábado à noite, quando uma amiga que estava ao meu lado me fez repensar a questão me apresentando um argumento razoável:

- Prefere ver Zorra Total? (Não.) Vá no seu carro. Se não gostar, volta.
- OK. Vou. - Me escutei dizendo.

Santo Deus! Nesse mesmo dia, às 4 da manhã, molhada de suor, eu compreendia que eu estava certa sobre ouvir música da Bahia: realmente uma porcaria! Mas, DANÇAR ... DANÇAR, meu amigo... "quero mais o quêeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee?" AMEI!

Na terça, 10, outro preconceito me abandonou. Deixou o meu corpitcho para sempre amém! Minha amiga, que fazia aniversário nesse dia, cismou de ir na Terçaneja. Nem precisa ser Einstein pra descobrir que o nome da noite é a mistura de terça com sertaneja! Ai jesus!

Fui. E fui tão armada que fiquei ultracontente de encontrar, ao invés de música sertaneja, música eletrônica, que é o que toca na boate antes da 1 da manhã. Meu raciocínio foi imediato: aproveito isso aqui, dou o melhor de mim e à 1 hora, quando começar a tocar música sertaneja, volto pra casa.
Gente, música eletrônica - pelo menos quando você espera por música sertaneja - É TUDO DE BOM!!!!! Me joguei e adorei!

Pra sertaneja ainda preciso de um martelo maior... mas, eu adoro forró. Já é alguma coisa, né?

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Atraso

Triiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiimmmmm
Meu despertador toca às 7.
1 segundo se passa
Merda!
Meu coração já bate 11!

domingo, 15 de junho de 2008

Troco

Uma amiga me ligou outro dia agradecendo o conselho que eu dei para que ela tratasse com mais amor um namorado brigão e não desistisse de dar a ele um presente que havia preparado com carinho. Deu certo.
Não resisti e me peguei dizendo:
- amor é isso, amiga: dar, dar, dar! kkk
Piada à parte, fica aí uma reflexão antiga (achei esta noite anotado num extrato de banco dentro de um livro) de uma época em que eu mesma não entendia essa matemática.

Meus olhos são assim
Tem algo assim
Entre a tristeza
e a certeza de que você não vem

E de que me valeu tanta beleza?!
Tanta perfeição, tanta esperteza?

De tudo que eu vivi,
sobrou o que eu não dei.
Me voila: troco!

Fechando os braços

Tem uma música do Cabrel que diz assim: "C'est la loi depuis la nuit des temps. Un jour tu fermes les bras et y'a quelqu'un dedans." (É a lei desde o início dos tempos. Um dia você fecha os braços e tem alguém dentro).

Fico de cara quando penso que eu - sempre tão metida a entender de amor - fui negociando com a vida, trocando sonhos por praticidade, sendo engolida pela descrença, esquecendo como é bom VIVER! Resultado: de tanto pensar nisso, ontem tive uma noite branca. Sorte minha que hoje é domingo e que uma soneca pode ser bem-vinda no meio da tarde. Insônias sempre me vieram por preocupações ou medos, mas essa de ontem foi do bem, foi amiga...

Passei a noite em claro tentando alcançar o que é já meu e devagarzinho descansar, enfim, meus braços.

O homem da bicicleta vermelha

Escrevi esse texto outro dia, depois de chegar do Bosque dos Buritis:

Tenho 35 anos e um amigo invisível. Saí cedo hoje pela manhã depois de tomar meu capuccino quente acompanhado de duas pequenas torradas, que não consegui comer por completo. Peguei a bolsa, a chave, o mp3, o livro de Betina Henrich e fui fazer minha leitura no Parque dos Buritis. O homem junto. A bifurcação da rua 8 com a 6 estava calma aquela hora da manhã. Um passante me questionou secamente sobre a localização da 4 com a 9 e eu respondi prontamente me perguntando se ele notaria que eu estava acompanhada pelo tal invisível. Não pareceu perceber nada quando tomou o rumo indicado por mim. Seguindo pela 8, cruzei o porteiro do Porto Seguro, cumprimentei-o, escolhi o lado ensolarado da rua e fiz meu caminho habitual até o parque... mas, nada parecia comum ou ordinário nesse dia em que eu já acordei com o tal. O sol estava mais atraente, notei o vendedor do quiosque de coco pela primeira vez na vida e reparei que o aposentado que ia a minha frente parecia ter saído da farmácia com seu pequeno andar cambaleante. Vi uma doméstica acompanhar uma criança com cara enjoada até a escola e no fim da rua fui surpreendida ao ver um monte de crianças a fazer ioga bem ao lado do meu banco, da minha árvore. E achei lindo, apesar do barulho me impedir de ler!Era obra do tal, certamente. Logo eu que ando tão apressadamente, passar agora a reparar nesse cotidiano que me cerca, nessas pessoas que compõem meu cenário. Hum.Peguei o livro, abri na página 86 pensando que enfim o infeliz me daria sossego. Deu não. Sentou lá e ficou remoendo meus pensamentos, atormentando minhas idéias, contaminando uma por uma com seus futuros.Foi quando o rapaz da bicicleta vermelha chegou. Estava vestindo uma calça jeans e uma destas camisetas que de tão usadas não são mais de cor nenhuma. O tal ficou me obrigando a olhar o rapaz de um jeito interessado. E parecia mesmo me contar coisas sobre aquele homem que eu, por isso, sabia digno, desempregado, cheio de filhos e quem eu adivinhava puro pelo jeito simples em que apoiou o cotovelo no guidão e colocou uma das mãos no queixo. Parecia hipnotizado pelos jatos de água que saíam bem do meio do lago. Ficou ali parado enquanto o tal-que-ninguém-vê de tão emocionado acabou me obrigando a chorar aquela história tão escancarada desse homem encantado com um parque no meio de uma cidade que o ignorava. E voltei pra casa pelo mesmo caminho me questionando porque meus olhos estavam durante tanto tempo embaçados pela falta de sonhos... passei pelo mercado, ainda acompanhada do tal, que me aconselhou pilhas alcalinas gold ao invés de máster. Parei no banco pra um depósito e, com mais 50 passos, encontrei meu prédio. Mesmo debaixo de um sol forte, esse edifício acanhado e com a pintura amarela já envelhecida, dava ares de sombra e reconforto. O homem entrou antes.

Viva Jimenez!

Adorei. Acabei de ler que a Cláudia Jimenez está pegando um ator americano dos mais gatinhos, o Todd Rotondi. É muito bom ver que os homens se interessam SIM pela essência das mulheres. Não que a Cláudia seja feia, mas ela foge completamente dos padrões ditos sensuais: não é magra, não tem cabelo loiro batendo na bunda e usa óculos.
Há uma semana separada de outro gatinho, o Rodrigo Phavanello, a moça taí pra provar que a inteligência e o bom-humor ainda são os melhores afrodisíados. Nada, absolutamente nada, contra as meninas magras, loiras, morenas e lindas! Mas, inteligência, amigas, é fundamental! É gente, porque o Brad Pitt pode até ser lindo, mas imagina o moço ouvindo sertaneja e recitando manual de auto-ajuda? Ninguém merece, né? Viva Jimenez!

sábado, 14 de junho de 2008

Foi seu Leminski quem mandou

Foi seu Leminski que mandou escrever o que se passa no coração.
Logo eu, seu João?
No meu, ficou.

A vida começa com um café preto e amargo

Preto e amargo não são lá adjetivos muito sedutores, mas a verdade é que a vida - a minha pelo menos - só começa com um bom café preto e amargo. Depois da primeira xícara começo a lembrar quem eu sou, qual a agenda do dia, que tenho cabelo e um monte de cremes em cima da pia do banheiro... que preciso funcionar! Este sábado, dia 14 de junho, também começou assim... duas xícaras de café e uma trombada providencial com o Miojo (http://blogmiojo.com.br/), me despertaram o interesse de escrever um blog.
Um blog pra dividir com esse mundão digital minha vidinha de jornalista que mora sozinha, que ama Paulo Leminski, que coleciona canecas, que não se sente viva sem um bom livro, que não tem filhos, que trabalha muiiiiiiiiiiiiiiiito, que aos 35 anos ainda se permite amores tão...tão! Um blog pra dividir opiniões, desilusões, desabafos, bobagens... Um blog pra ajudar a vencer o tempo, pra contar o que está na minha caneca... fora o bom e velho café preto e amargo, que deixa a vida com um gosto tão bom!