terça-feira, 30 de junho de 2009

Primo rico, primo pobre

Meu pai me contou há alguns dias que a historiadora Esther Barbosa Oriente, se referiu no livro Dom Pedro II, Imperador da Cultura (Editora Kelps, 445 págs) ao parentesco de minha família (Abreu) com a de d. Pedro II, citando, inclusive, o nome de uma prima minha na obra. Gente, vai dizer que vocês ainda não tinha notado toda a minha realeza? É claro que sim! Essa pessoa loira, articulada, chique, elegante, amante dos bons vinhos e loooooouca por champanhe só podia ser da realeza!

Nome também conta né, gente? Pois é, apesar de eu não ter o tradicional Maria combinado com um nome bem antigo e bem feio, Aline significa fidalgo, nobre. Fino, fala a verdade? Porque vocês imaginem seu me chamo Rosilene, Gracilane, Charlene ou Rosicleide? Além do mais, como uma boa nobre, eu carrego quatro nomes, um deles em homenagem ao meu bisavô. Coisa de gente fina. E solteira. Porque casada, vou ter que acrescentar mais um. Mas, não pode ser Silva, Souza essas coisas, porque aí queima o filme, né? Ainda bem que chegou ao fim a Era Sapos!


Geeeeeente, nasci pra esse negócio de realeza, de ser princesa, rainha, essas coisas. Não, e sabe qual era minha história preferida quando criança, aquela que o príncipe, pra descobrir qual das suas pretendentes era a verdadeira princesa, colocava um grão de ervilha debaixo do colchão. Eu tinha cer-te-za que eu conseguiria descobrir a ervilha, mesmo se ela tivesse debaixo de 10 colchões fofinhos.


Ai ai, mas, olha até eu descobrir essa ervilha... santo Deus! Mas, na verdade, na verdade, na verdade, trabalho assim alucinadamente por hobby, né? Mas, com essa história, estou revendo isso. Afinal, a nova moda agora, imposta pelos parentes ingleses, é a realeza querer se misturar com seus súditos. Além do mais, valorizei meu passe, né? Também, não é todo mundo que tem alguém do ramo de Petrópolis em seus quadros. Por um bom salário, concedo a honra de ficar. Vai ser bom pra imagem.


O chato nessa história toda é que descobri que estou de luto. Meu primo de Petrópolis foi umas das vítimas do 447, que fazia Rio - Paris. Até pra morrer essa gente é fina, né não?


P.s: Se for me deixar um comentário, não esquece o Vossa Alteza, tá?

segunda-feira, 29 de junho de 2009

So far away

Da distância,
o que eu sei?
Que mora longe!

sábado, 27 de junho de 2009

Hibernando

Sinto uma falência de quase morte

e hiberno tardes de sábado.

Do que chamam mesmo essa coisa

que, depois de tudo,

me ressuscita

na lembrança de um cheiro?

domingo, 21 de junho de 2009

Meu pai e a filha maldita


Era dele o beijo de boa noite, o agasalhar cuidadoso das cobertas, o olhar gentil na hora das broncas, o amor que transbordava incontrolavelmente quando a gente chorava, era ele quem fraquejava diante das nossas birras e vontades, era ele quem nos acordava pra ir pra escola fazendo ginástica para espantar a preguiça, quem preparava o café-com-leite quentinho, era dele o olhar orgulhoso diante de um boletim nem tanto, a voz que me assegurava quando eu ficava com medo do Zé Ramalho, era ele quem defendia meu caráter, meu gênio.


Devo a ele uma coleção de presentes verdes (por causa do Goiás e do Palmeiras), uma relação saudável com o material, a infância segura, o orgulho que sempre pude sentir de ser filha de homem exemplo de honestidade, de correção. Devo a ele uma mãe e uma família feliz. Meu pai sempre foi meu herói, até eu descobrir que ele era gente. Gente de bom coração, gente que erra e acerta, como eu.

Mas, uma das coisas mais bacanas que o meu pai fez por mim foi me ensinar a amar os livros, que ele comprava aos montes nos inspirando sonhos grandiosos na pequena biblioteca que tínhamos em casa. Quando completei 14 anos mais ou menos, ele me jogou no colo uma relíquia: A Filha Maldita, de Émile de Richebourg. Raro, datado de 1800 e alguma coisa, o livro conta a história de uma filha amaldiçoada pelo pai e vítima de uma série de tragédias pessoais. O detalhe é que o volume que continha o folhetim francês, de tão antigo, não tinha as últimas folhas. Não conseguimos saber o fim da história de Lucila, personagem principal do livro.

Algum tempo depois ele emprestou o volume e, como acontece sempre, não devolveram nunca mais. Meu pai, por sua vez, esqueceu a quem tinha emprestado, e a história se perdeu pra sempre. Desde então, passamos a procurar o livro pra comprar e nada. Feiras de livros, sebos, lojas e lojas... nada. Passamos mais de 20 anos procurando o volume, sem sucesso. Inscrita em mil sites da internet que vendem livros raros, no fim do mês de abril, eu encontrei Lucila em São Paulo, na casa de Ângela.

Foi emocionante pra mim botar os olhos naquelas páginas tão sonhadas, de escrita tão rebuscada, sentir aquele cheiro de novo e, com gosto, conferir a palavra fim na última página. Meu pai e eu poderíamos, enfim, saber como terminava aquela história, que durante tantos anos nos aproximou nesse objetivo comum de encontrá-la.

Então, coloquei os dois volumes numa caixa, enrolei com uma fita verde e mandei pro meu velho. Senti uma gratidão enorme por aquele papelão quadrado que guardava mais que aquelas páginas tão especiais pra nós, mas todo o amor de uma filha, esta, sim, bendita pela sorte do pai que tem.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Pas mal


Há três dias completei um ano de blogueira. Um ano dividindo meus momentos, pensamentos e ao mesmo tempo me descobrindo. Foram 95 posts paridos nesses 365 dias. Fora o que compartilhei aqui, preciso dizer que:




meu cabelo cresceu

minha sobrinha (infelizmente) não fala mais "mojoca" no lugar de mandioca

mudei de trabalho (minha eterna busca por qualidade de vida)

fui morena,

depois loira de novo (born to be blonde),

minha amiga Pat, enfim, resolveu ser blogueira também (visitem!)

li uma pancada de livros ótimos e comentei bem poucos

tomei muitas e boas garrafas de vinho

aprendi a tomar chimarrão

Graham Bell continua sendo muito amado por mim

tenho planos para uma nova viagem

namorei o brad pitt por alguns dias

dei o fora nele

levei uma pancada feia

quebrei a unha

fiz amigos novos

meu grupo das quartas se desfez

desisti de fazer economia

continuo lamentando ver menos meus amigos do que gostaria

conheci Gramado

tenho um chefe novo

comprei uma monte de canecas novas

ganhei também

ri até chorar por mais de uma vez

Juro que não dei nenhuma rata nova

viajei

e, sim, continuo cheia de sonhos... ;)

terça-feira, 9 de junho de 2009

Voando nos meus precipícios

Outro dia, refletindo profundamente sobre a minha vida, cheguei a conclusão que nunca levei nada muito a sério. Graças a Deus! Não perdi meu tempo, meu precioso tempo, tentando ser perfeita, tentando fazer tudo certo demais ou evitando errar. Faz tempo que aprendi o quanto é bom dar com a cara no equívoco porque é assim que melhoro como pessoa, é assim que me enxergo, que tenho uma fresta do meu espelho. Me permito, me dou o direito de viver sem o peso da perfeição. Talvez isso seja reflexo da minha personalidade impulsiva, mas andar de cabeça baixa para se antecipar a possíveis precipícios não faz, definitivamente, o meu estilo. Ou enfio o pé na jaca e vivo, simplesmente vivo, ou então, nada feito.

Na minha família é comum eu ouvir, por debaixo dos panos evidentemente, que eu sou muito “absoluta.” Absoluta, na ponta do lápis, significa imperioso, independente, único, sem peias nem restrições. Não pensem que o “absoluta” da minha família é um elogio puro, mas uma mistura disso com uma boa dose de crítica, afinal, minha família não é diferente das outras e talvez “preferisse” alguém mais tradicional. O problema é que a parte que eu gosto nesse latifúndio é, justamente, não ter peias ou restrições.

Não que eu seja irresponsável, ao contrário. Sempre fui boa aluna, boa filha, profissional, careta, não fumo, não uso drogas e sou até bem conservadora em certos aspectos. Isso pra explicar que não é de um estereótipo rebelde que falo. Nunca fui louca, nem jamais passei essa imagem. Mas, eles têm razão. Sou absoluta! Vivo a vida, com a urgência que ela tem. Não sou de igreja, mas tenho uma fé tão inabalável que a vontade de Deus é imperiosa, tenho uma certeza tão grande de que o melhor vai ser feito sempre, que não tenho outra escolha a não ser viver, bestamente, viver!

Mas, me enerva essa idéia de se precaver contra a vida. “Dê duas voltas antes de entrar na garagem; tome cuidado, não seja afoita. Guarde sua coragem na sacola e espere, você pode apanhar.” Óbvio e quase dispensável dizer que não ando com uma tapa na cara procurando erro a granel. E críticas, e alertas dos bons amigos são sempre bem-vindos. Mas errar faz parte da única ambição verdadeira que tenho: evoluir! Magistralmente, Clarice Lispector ousou dizer que se alguém a empurrasse de um precipício, ela diria:

E daí, eu adoro voar!

É com essa leveza que quero levar a vida: voando nos meus precipícios com fundos de mola!

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Sempre querendo mais


Uma vez li um texto da Martha Medeiros que dizia que alguns relacionamentos eram como aqueles banheiros apertadinhos que, para que um pudesse entrar, o outro precisava sair. Tudo isso numa referencia à desarmonia entre os casais, às diferenças de visão de mundo, enfim, à falta de sintonia.

Num outro texto, que não estou certa de ser dela, alguém fazia uma analogia entre os jogos de tênis - onde o casal jogaria um contra o outro, visando sempre o ponto fraco do adversário - e o frescobol, quando eles jogam em colaboração, pensando sempre no outro como a melhor maneira de acertar (mesmo que nem sempre isso ocorra). Tá.

Ô Martha, como é que a gente faz pra jogar frescobol num banheiro grandão e não deixar a bola cair?

sábado, 6 de junho de 2009

Dia desses cheguei a pensar que ...

a morte às vezes é tão cruel que te surpreende ainda em vida e, sarcasticamente, desiste da foice.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Só tem louco!

Que eu sou maluca, todo mundo sabe e não dá mais manchete. Mas, me consola saber que tem casos muuuuuito mais graves. Outro dia, estou eu no trabalho, sentada comportadamente no meu computador, me entra um senhor, encorpado, cabelos já bem grisalhos, mas aparência de 45 anos. Com uns papéis na mão, ele me pergunta se está no serviço social:


- Não, aqui é a imprensa.


- Imprensa? É aqui mesmo que eu quero, então, ele afirmou levantando a voz antes de completar:

- Porque esse negócio de assistente de juiz maltratar a gente é um absurdo.


- Olha, aqui é imprensa sim, mas quem vai ajudar o senhor é a Corregedoria, eu digo já anotando o número da sala pra ele.


- Mas é a imprensa que eu quero!, bradou. Porque aqueles trilhões lá, aquele petróleo é meu, não é deles nãaaaaaaao! Minha namorada já teve aqui. Agora, eles virem brigar com a gente?! Nãoooo. Mas, não tem nada a ver!, virou as costas e foi saindo.


Diante da minha estupefação, minha amiga Pat salva:


- então fecha a porta!

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Gal (fe) 2



Pois é gente. Esse negócio de gafe é sério mesmo. A gente conta uma e vai lembrando de um monte de outras. Mas, eu estava em Budapeste, acompanhada do meu fiel escudeiro Rimene, quando voltando do aeroporto e entrando no metrô, escutamos, quase como um milagre, alguém dizendo:

- Nossa, que surpresa ouvir português aqui na Hungria!

Gente, não é por nada não, mas surpresos estávamos nós porque o cara, nada mais era que um tradutor de húngaro (língua mais difícil do mundo!) para português. De cara e quase hipnotizadas, seguimos o moço (o mais gente boa do planeta terra) e ele nos levou aos melhores lugares de Buda e de Peste. Nunca consegueríamos conhecer tão a fundo a cidade e seus costumes se não fosse por ele.

Ai, lá vem maria rateira, estreando aquela que seria a menor gafe desses dias maravilhosos em Budapeste. Com uma unha machucada, peço a ele que me compre alguma coisa que fizesse passar a dor, mas como já era tarde da noite, entramos numa loja de conveniência e ele me diz (pra quê meu Deus?!) que era vendido num vidrinho vermelho o medicamento que precisava.


Nisso eu vejo, perto do caixa, uns vidrinhos vermelhos e azuis que lembravam Rifocina, Merthiolate, enfim. Pego os vidrinhos, ergo bem alto para que ele enxergasse lá de longe, e pergunto:


- Anjo Chico (é como eu o apelidei, devido as circunstâncias), é esse?

E ele fez lá umas caretas, mas, eu sem entender aquela caretada toda, balançava ainda mais o vidro:

-Esse aqui ó, parece com Merthiolate, expliquei


-Abaixa isso peloamordedeus, ele me disse. É lubrificante íntimo!!!


Toimmmmmm.

Mas, inspiração é o que não me falta, né gente? Foi nada não. Dia seguinte, ele nos leva pra visitar um castelo magnifíco, onde vivia Sissi, e (pra quê meu Deus?!) inventa de nos ensinar a falar em húngaro a frase "Oi, nós somos jornalistas brasileiros" algo que soava como:


- Sióoo brooosil wilchaguirô vacjoke.


Pronto: virou meu mantra e eu repetia a frase, e repetia, tentando encontrar a pronúncia correta. Perspicaz, eu noto que ele, me corrigindo, entortava a boca para o lado, por onde também deixava escapar um ventinho.


Inteligente, matei a charada. Era isso! Assim como os ingleses batem com a língua nos dentes ou como os franceses fazem biquinho, pra falar húngaro bastava entortar a boca pra direita:


- É isso Rimene, eu dizia empolgada e com a boca torta!


- Sióoo brooosil wilchaguirô vacjoke, eu repetia, estranhando a cara do meu amigo, que se retorcia em caretas que não ajudavam em nada na pronúncia do húngaro.


-É isso Anjo Chico, tô falando direito?, eu perguntava.


Rimene, delicado, me dá um cutucão, e sussurra:


- Ele tem paralisia facial, Gal!!!!!!!!!!!


Tinha.