quarta-feira, 10 de março de 2010

Memória de alma

Não sou muito boa com datas. Ainda não aconteceu, mas sou o tipo de pessoa capaz de esquecer o próprio aniversário. Penso muito nas pessoas que eu amo, mas tenho uma nítida dificuldade de ir até elas ou de, na correria do meu dia, dar um telefonema, saber como está a prima operada, a amiga que eu adoro ou, enfim, dar a devida atenção aos meus. Descobri recentemente que isso se deve, em parte, ao Distúrbio do Déficit de Atenção (DDA), mas isso é outra história.


Toco no assunto para falar do que me ocorreu nas últimas semanas. Sonhei insistentemente com meu irmão, o Léo. Há três anos, ele morreu vítima de complicações da diabetes aos 24 anos. Nem preciso falar do golpe que foi perder o menino doce, genioso, engraçado, caridoso, simples. No dia 10 de março de 2007, o telefone tocou por volta das 9 horas e então eu soube que o Lelecotreco não estaria mais nas nossas vidas como sempre esteve.

Depois de alguns sonhos, onde ele sempre se fazia presente em conversas, aventuras ou em simples visões, percebi, claramente, que minha cabeça pode até falhar, mas minha alma tem memória boa. O espiritismo talvez explicasse isso como um desprendimento do corpo que, ao dormir, liberaria meu espírito para o contato com esses entes já em outros planos espirituais. Há quem defenda que a informação estava latente e que o sonho é uma forma do cérebro me alertar para a data importante.


As duas coisas podem ter acontecido. Mas, acho apenas que o amor nos liga e, hoje, acordada e consciente, vou fechar os olhos e pensar nele, em nós. Sei que entenderá que o amo e que é esse sentimento que nos torna irmãos, independente dos mundos que frequentamos.

5 comentários:

Claudiene Finotti disse...

Que liiiindo!
Se por um lado seu irmão está longe,o amor entre vocês faz com que se encontrem em espírito, como forma de amenizar a saudade.
É nisso que eu acredito, pois creio no espiritismo. Assim como acredito que vocês dois são privilegiados no meio dessa tragédia, que foi a ida precoce dele, em poder se encontrar vez ou outra. Fique feliz, não é memória, é encontro de verdade! :O)
Eu já passei por coisas semelhantes e me senti muito bem!
Bjos e fica com Deus!

Luisa Dias disse...

Aline, me sinto assim com o meu pai, uma ligação que está além deste mundo. E mesmo triste, com saudade, isso me dá esperanças, porque algo melhor deve estar por vir.

Igor A. disse...

Line, se isso não é verdadeiro, eu não sei o que é. Lindo texto, como sempre. Beeeeijo!

Gra Porto disse...

Estou emocionada e sem palavras.

Patricia Papini disse...

Nine
...
Só pra dizer que vc é forte e que a morte não existe, embora nos cause tanta dor. Me desculpa por ontem não ter falado sobre o Léo. Não consegui. Te amo grande.