domingo, 31 de agosto de 2008

Pra ele acabou

Parecia filme americano. Cheguei em casa na sexta-feira no fim da tarde e me deparei com carros da polícia, do corpo de bombeiros, da perícia, muita gente aglomerada na porta do meu prédio, isolada por fitas amarelas e pretas. Tomei um susto enorme e fui perguntando aos vizinhos com quem cruzava o que tinha acontecido. Mataram a tiros o meu vizinho, um homem de 51 anos, com quem eu cruzava quase diariamente, uma vez que estacionávamos nossos carros um ao lado do outro.
Nossa relação nunca atravessou os polidos "bom dia, boa tarde e boa noite" mas isso não torna a coisa menos chocante. Ele foi abordado enquanto estacionava seu carro e alvejado na cabeça, no ouvido e no pescoço por uma pessoa que estava na carona de uma motocicleta. Assassinatos são naturalmente brutais, mas quando eles acontecem na sua porta, envolvendo alguém conhecido, conseguem ser ainda mais.
Mas, o mais impressionante nesse caso, que ganhou as primeiras páginas de jornais, é a história triste desses personagens. Vizinhos e imprensa dão conta que o ódio reinava nessa família, que tem outros dramas igualmente expostos na mídia, como o suicídio da irmã gêmea de meu vizinho e sua briga de anos e anos com o pai e os irmãos. Esse fato consegue me entristecer ainda mais que o assassinato em si. Se o assassinato choca, o esfacelamento dessa família comove.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Dando a cara pra bater

Quanto eu tinha uns quatro anos, talvez um pouquinho mais, um vizinho de fundos morreu. Coisa feia. Ele viajava num caminhão carregado de madeira, que caiu numa ponte. O homem foi atingido por uma das toras e não teve a menor chance de sobrevivência. Por causa da gravidade do acidente, minha mãe não tinha coragem de ir ao quintal sozinha porque, do muro que dividia nossas casas, era possível ver o morto sendo velado.

Talvez por pura teimosia resolvi provar a ela que eu podia fazer isso. Caminhei até lá sozinha, à noite (na verdade não tenho certeza se era à noite, mas é como eu me lembro da cena) e espiei pelo muro. É macabro, mas até hoje tenho a imagem do rosto dele, de quem não guardo mais sequer o nome.

Foi importante pra mim, já naquela idade, saber que eu não tinha medo. Sabe-se lá Deus porque é que um ser humano de quatro anos precisa se saber forte. Talvez pela mãe frágil? Não sei. Mas fato é que - isso eu também me lembro com clareza - quando atravessei o quintal minhas pernas tremiam. Medo eu tinha, mas podia encarar. Pronto. E acho que isso mudou minha vida pra sempre.

Agora, estou eu aqui precisando atravessar o quintal mais uma vez. Como naquela época, minhas pernas tremem, mas do outro lado do muro o que se vê é uma porta aberta.

domingo, 17 de agosto de 2008

Non, rien de rien

Hoje faço 36.
E tenho 63
Ou 9.
O que me importa a idade,
esse diabo?!
Tenho anos,
sei lá quantos!
Todos bem vividos...
e um espelho
que me faz feliz!

sábado, 16 de agosto de 2008

Sábado

Porque hoje é sábado
desejei você
uma moto
Londres
vento
e a garantia de um abraço...
Porque hoje é sábado
desejei feijoada
barriga cheia
sono
e seu ombro
Porque hoje é sábado
desejei caminhada
mãos dadas
beijo na grama
noitada
hã?!
Mentira!
Então hoje é segunda?!

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Triste

Tive o azar de ver - sem querer - a foto do esquartejamento da inglesa Cara Marie, que me foi repassada no corpo de um e-mail. Depois disso, já recebi outro correio eletrônico com o mesmo teor. Acho um desrespeito o repasse dessas fotos. É mais uma violência contra essa moça!

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Tiquinho de poesia

tem os que passam
e tudo se passa
com passos já passados

tem os que partem
da pedra ao vidro
deixam tudo partido

e tem, ainda bem,
os que deixam
a vaga impressão
de ter ficado

(Alice Ruiz)

domingo, 10 de agosto de 2008

A caixa do supermercado

Quanto ganha um caixa de supermercado? Um salário mínimo, talvez menos? Esta é a pergunta que me passa pela cabeça toda vez que encontro Rosirene, a caixa que me atende no supermercado que freqüento.

- Oi D. Aline! Ué, a senhora anda sumida! Algum problema? - ela me perguntou logo que voltei das férias. E não raro, ela reconhece meus hábitos me questionando sobre escolhas não habituais:

- Não está comprando mais as torradas X não? - ela diz. Outras vezes, me alerta:

- O peixinho está fresquinho, viu? - E por aí vai.

Ontem, ela me viu na fila de um outro caixa, emperrada por um problema com o cartão de uma cliente. Cheia de expediente, ela não hesitou em abrir o caixa ao lado e passar meus produtos enquanto fazia sinal para socorrer um outro cliente da fila, a quem ela também chamou pelo nome.

É claro que essa moça é paga para se comportar assim! É paga para me chamar pelo nome, para ser gentil e sorridente. Mas, por que nenhum outro caixa trabalha da mesma maneira? Eles são polidos, amáveis, educados. Mas, à parte quando lêem meu nome na tela do computador, ficam no bom dia, boa tarde, obrigado e volte sempre.

E eu te pergunto: por que Rosirene age assim? Acho muito duro alguém se motivar tanto por um salário mínimo. Mas, a resposta pra isso eu só tive hoje. Pleno domingão, duas da tarde, eu parada no sinaleiro da Tamandaré com a Assis Chateaubriand, eu a vi se dirigindo para o supermercado, enfiada no seu uniforme impecável. Ela sorria. E eu entendi tudo!

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Identidade

Eu?
Eu vagueio...
Certa do rumo dos ventos!

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Viva Graham Bell

Adoro esse moço
que fez esse treco oco
ecoar tão longe.
Mas um dia
quero você mudo.
E que isso diga tudo!

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Cama e Radiohead

Enquanto você dorme,
sonho sonhos de insone
E acordo ao seu lado.

Esperar

A música começar
O dia amanhecer
Alguém desligar
A página abrir
A fila andar
O mês acabar
O download
O arquivo
O telefone tocar
A pizza assar
A foto
O texto
A reunião
Ter tempo
O elevador
A hora do almoço
O garçon
O sábado
O aumento
A felicidade
A inspiração
O sono
O médico
O resultado
Bebê
O cabelo crescer
A amiga
A chuva
O sinal verde
Dezembro.
...
...
...
Por você,
um segundo,
dói!

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Filosofia He Man

Ontem abri uma garrafa de champagne por um motivo justíssimo!
Eu que sempre achei que o melhor jeito de tomar champagne era sem motivo, descobri mais um!