sexta-feira, 26 de setembro de 2008

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Chamem do que quiserem chamar: afinidade de alma, encontro de vidas passadas ou sei lá o quê mais. Mas, é certo que, recentemente, tenho trombado – assim como quem não quer nada – com pessoas que têm marcado minha vida de uma maneira muito bacana. Pessoas com quem passei menos tempo do que eu gostaria; que eu quase nunca tenho a chance de rever pessoalmente, e que, ainda assim, se tornam grandes amigos.

Uma delas é Luciene, de Brasília. Loira, alta, bonita, ela estava no saguão do aeroporto de Recife, onde participaríamos de um rali usando o novo Freelander 2, da Land Rover. Ela falava de um jeito esparolado, alegre enquanto nos embarcavam numa van que nos levaria até o Enotel, em Porto de Galinhas. Acho que não chegamos a rodar nem 5 quilômetros e nós já éramos grandes amigas e confidentes. Dentro desse veículo calorento que sacolejava a ponto de me revirar o estomago, conseguimos ânimo para revelar coisas bem doídas de nossas vidas e rir de outras tantas que ainda nos davam gosto para prosseguir firmes, fortes e com um sorrisão no rosto. Durante os três dias que passamos juntas nesse hotel de sonhos, uma amizade sincera foi se consolidando com a mesma rapidez em que ingeríamos caipirinhas.

Também jornalista, Andréa um dia me ligou querendo informações sobre mestrado no exterior ou alguma coisa desse tipo. Trocamos e-mails, nos adicionamos no Messenger, mas só voltamos a nos falar quando meu irmão faleceu, em março do ano passado. Ela, já do outro lado do oceano, se mostrou sensível à mensagem que usei no MSN para chamar os amigos de meu irmão para sua missa de 7º dia, me perguntando de quem se tratava e se solidarizando comigo. Depois disso, por causa da profissão comum, começamos a nos falar via MSN, trocando informações, até o dia em que percebemos que éramos amigas, que dividíamos histórias parecidas (muuuuuuuuito parecidas!) e que tínhamos um caminhão de coisas em comum. Incrível pensar que eu não a conheço pessoalmente.

Outra pessoa especialíssima que despencou na minha vida do nada foi a Marilena. Que descoberta! Estava eu, plena terça-feira, 8h30 da noite, acompanhando um cliente que participaria do Roda de Entrevista, da TV Cultura, quando dei com Marilena. De gaiato no navio, ela aguardava por um amigo jornalista que entrevistaria o meu cliente. Assim que o programa começou, fomos para uma sala atrás do estúdio e, como aconteceu com Luciene, antes de terminar o programa, a mágica tinha acontecido: éramos amigas, das mais queridas!

Ontem, Marilena esteve em casa para um jantar e dizia: "acho que isso é coisa de outra vida." Também ontem, abro um e-mail onde Luciene falava a mesma coisa. Quem sou eu pra duvidar, né não Andréa?

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Entre a cruz e a caldeirinha

Dia 5 tá chegando.
Será que até lá passa minha vontade
de escolher entre Obama e McCain?

sábado, 20 de setembro de 2008

Preguiça de ser bonita


Sempre quis ser dessas mulheres que acordam meia horinha mais cedo para se maquiarem e saírem de casa lindas, impecáveis! Dessas mulheres que vão fazer supermercado como se fossem... sei lá, pra algum lugar que merecesse uma produção. Mas não sou assim. Se eu ponho o despertador para tocar meia hora mais cedo é simplesmente porque gosto do prazer masoquista de saber que posso dormir mais um pouquinho. Não é que eu não seja vaidosa. Tenho lá minhas frescurites como toda mulher. Mas, definitivamente, não perco mais meu tempo em frente ao espelho.
Nem sempre foi assim (sério, fui daquelas adolescentes que se olham até em vidro de carro pra conferir se o baton está intacto) e isso é que torna as coisas um pouco engraçadas. Perto de algumas amigas, sou "o" desleixo em pessoa. Elas, gentis, dizem que sou assim porque tenho "estilo", mas a verdade é que minha vaidade é prática. Gosto de estar bem-vestida, claro; gosto de cuidar do meu cabelo; tenho uma pancada de cremes e maquiagens (fiquei de cara quando descobri que tenho três bases de marcas diferentes!), mas meu mundo não cai se for de qualquer jeito ao supermercado ou ir ao encontro de amigas de jeans, chinela e blusinha num sábado à tarde. Escova no cabelo? Não me lembro a última vez que fiz!
Gente, mas daí a trocar um programa bacana no sábado de manhã para fazer as unhas? Nunca! Faço na terça, na quarta, sei lá que hora ou dia, desde que isso não estrague nenhum dos meus planos. Mas, fato é que as minhas amigas estão sempre irrepreensíveis: cabelos lindos - e lisos-, olhos pintados, boca com brilho cintilante, roupas impecáveis, muitos strass (é assim que escreve?) e eu olho e digo: segunda-feira vou passar a me arrumar mais, vou me maquiar e nunca mais vou passar o fim de semana sem fazer as unhas. Daí, o despertador toca e me dá uma preguiça de ser bonita... e saio de cara lavada mesmo!

domingo, 14 de setembro de 2008

Simplesmente Pat

Meus avós, tanto o materno quanto o paterno, eram homens geniais, cheios de histórias interessantes, fortes, marcantes. É difícil pra mim escrever sobre eles. Minha mãe, que morreu tão jovem e que me faz tanta falta, só aparece como pano de fundo nos meus textos, desabafos, enfim... também não sei se seria capaz de escrever sobre ela, sobre o que ela representa na minha vida. A sensação que tenho em relação a essas pessoas é que ainda que eu juntasse todas as palavras boas do mundo eu ainda seria injusta, que eu ficaria devendo.
Todo esse trelelê pra dizer que fico travada, dedinhos congelados quando tento expressar todo amor que tenho pela minha amiga Patrícia. "Amiga", vocês certamente estarão de acordo comigo, não descreve uma relação que mistura a irmandade, a maternidade, o companheirismo, todo bobeirol, a parceria, o bem-estar, o bem-querer, as broncas, o cuidado. Como descrever alguém que sonha junto com você ao invés de simplesmente torcer? Alguém que abraça suas causas como as suas próprias? Que chora suas dores? Como?
Estão vendo? Toda palavra é pouca. O que eu posso contar pra me fazer entender, ainda que parcialmente? Tá, vou tentar:
Eu sofro de apnéia e estava numa fase meio complicada, dormindo pouco, ansiosa. Ela me levou pra casa dela pra que eu não dormisse sozinha na minha e ficou lá me vigiando um tempão. Outra vez, estava arrasada com o fim de um relacionamento que eu, na época, julgava importante, e ela ficou comigo o tempo todo, chorou junto e - mais fofo -, me emprestou uma camisola linda e novinha só pra que eu me sentisse melhor. Recém-saída da adolescência, fui traída por um namoradinho idiota e, vendo o quanto eu estava ferida, ela se sentou no computador e escreveu uma carta pra ele e assinou por mim... coisa impagável e, depois, completamente hilariante!!!
Quando minha mãe morreu e eu perdia quilos como se fossem fios de cabelo, era ela quem vigiava minha geladeira, era ela quem me fazia papinhas de aveia, quem me obrigava a comer no mínimo seis Twixs por dia e quem comemorou comigo numa farmácia de Liège quando consegui chegar a 52 quilos! Era ela quem segurava meu desespero cada vez que me lembrava que minha mãe tinha partido.
Foi ela quem se meteu na minha vida - sendo ou não chamada - e sempre pra me fazer o bem. É ela quem me liga, com toda naturalidade do mundo, e diz: tô indo pra sua casa, tô insuportável e você vai ter de me aturar! E, mesmo nesses momentos, ela consegue ser tão adorável, tão maravilhosamente humana, bem-humorada e língua afiada, tão Pat.
Foi por ela que tive revelados meus piores defeitos... e sabê-los me doía, mas também me ajudava a extirpá-los. Foi com ela que aprendi a ser menos diplomática e mais fiel, mais verdadeira. Foi ela que me fez entender que mulherzinhas usam dourado e que não ficam menos inteligentes se optam pelo rosa... São dela as minhas confissões mais secretas, meus medos, meus anseios... porque, como acontecia com minha mãe, sei que nela não existem julgamentos pra mim.
A Pat é assim... tem essa simplicidade das pessoas que são grandes e que têm esse dom de serem maiores que os adjetivos que são seus por direito.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Alma lavada

Amo tomar banho. Ficar debaixo daquele chuveiro quentinho deixando a água cair sobre a cabeça e sentir o dia escorrer devagarzinho pelo meu corpo, vendo escoar pelo ralo tudo que não tem a importância das coisas simples. Daí, feito criança, fico imaginando um monte de anjinhos de cristal saltando no meu ombro, que vai se habituando à idéia de ser esquecido depois de uma longa jornada de frente para o computador.
E enquanto o corpo vai relaxando, minha alma vai divagando e fico lá imaginando futuros; rindo de lembranças idiotas e construindo diálogos completamente inventados. Então, inclino o pescoço e, como se fosse possível lavar também as idéias, deixo a água massagear minha testa e o meu rosto, gota por gota. Inspirada pelo cheirinho bom dos produtos que higienizam, misturados ao vapor quente que sobe, faço pequenos desenhos no azulejo ou finjo penteados malucos usando espuma em lugar de spray.
De luz apagada sempre, me ocorre, em dias como hoje, de acender algumas velinhas e escolher um cd pra celebrar esse ritual de limpeza de corpo e alma pra dormir tranqüila.

sábado, 6 de setembro de 2008

Poly et Moi

Gente, mas eu sou tão Polyana, tão Polyana que até chorando eu consigo fazer o jogo do contente. Ainda ontem choooooooooorei de saudade mas, pra aproveitar que já estava chorando mesmo, derramei minhas lágrimas por outras coisas que me vieram ao espírito. Assim (olha a gravidade!!!), já economizava tristeza. Chora logo uns cinco minutos por um bocado de coisa junta, porque assim acaba de vez com o chororô e passa pra frente. Dito e feito. Dez minutos depois eu já gargalhava.
Isso começou eu devia ter uns 10 anos. Lembro que minha mãe veio me falar que eu ia ter de dividir o quarto com meu irmão (o que graças ao meu chororô acabou não acontecendo) e eu, imbuída da decepção total que assolava meu espírito, choreeeeei atéeeeeee. Daí alguém veio me perguntar por que eu estava chorando e eu respondi que era porque minha boneca tinha quebrado. Isso fez minha mãe rir. Mas, admitam: é econômico!
Daí, diante de um comentário feito outro dia pelo meu amigo Rimene, que sem titubear me disse que eu ria demais, conclui: isso é culpa da Poly! Tá, eu também li Heide (confesso) e aquele outro da Adelaide Carrara, O Estudante, sem falar no preferido das misses, o Pequeno Príncipe. Com tanta gente certinha no meu histórico infantil de leitura, não podia dar outra! Virei essa pessoa feliz, tão feliz, que prefere lavar as tristezas de uma vez só. Será que nessa idade ainda tem conserto?

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

A pé e feliz!

Amanhã é sexta-feira e a última vez que tirei o carro da garagem foi no domingo à noite para visitar um casal de amigos. Há duas semanas isso seria praticamente irreal e impensável, pois vivia alucinada, pra cima e pra baixo, dependendo do carro pra tudo. E ele complementava minha casa, era um pouco armário, biblioteca, escritório.
Não precisar tanto do carro foi o primeiro benefício da minha mudança de vida, iniciada recentemente com a troca de trabalho. Decidi não tem muito tempo que quero viver mais, ter mais tempo pra mim, para as pequenas coisas que me dão prazer; história de me sentir mais gente e menos máquina. Saio de casa todos os dias cedinho e 15 minutinhos depois estou lá, sem estresse, sem sinaleiros, sem buzinas, sem fechadas, sem gente maluca gritando com você sem te dar a chance de descobrir o porquê.
Fora me livrar do estresse do trânsito, eu faço, de lambuja, entre as idas e vinda de casa para o trabalho, 1 hora de exercício por dia sem o menor esforço. Esse tempinho precioso em que ando - coisa tão humana - higienizo minha mente, me distraio vendo as pessoas varrendo calçadas, abrindo ou fechando seus comércios, saindo de suas casas pra levar seus filhos na escola, ouço música (precioso!) e sinto o sol no rosto. Carro é útil, muito útil. É inegável. Mas, em excesso cega, atrofia e afeta os nervos.
Que gasolina que nada! Manter o carro na garagem economiza maracujina.