domingo, 10 de agosto de 2008

A caixa do supermercado

Quanto ganha um caixa de supermercado? Um salário mínimo, talvez menos? Esta é a pergunta que me passa pela cabeça toda vez que encontro Rosirene, a caixa que me atende no supermercado que freqüento.

- Oi D. Aline! Ué, a senhora anda sumida! Algum problema? - ela me perguntou logo que voltei das férias. E não raro, ela reconhece meus hábitos me questionando sobre escolhas não habituais:

- Não está comprando mais as torradas X não? - ela diz. Outras vezes, me alerta:

- O peixinho está fresquinho, viu? - E por aí vai.

Ontem, ela me viu na fila de um outro caixa, emperrada por um problema com o cartão de uma cliente. Cheia de expediente, ela não hesitou em abrir o caixa ao lado e passar meus produtos enquanto fazia sinal para socorrer um outro cliente da fila, a quem ela também chamou pelo nome.

É claro que essa moça é paga para se comportar assim! É paga para me chamar pelo nome, para ser gentil e sorridente. Mas, por que nenhum outro caixa trabalha da mesma maneira? Eles são polidos, amáveis, educados. Mas, à parte quando lêem meu nome na tela do computador, ficam no bom dia, boa tarde, obrigado e volte sempre.

E eu te pergunto: por que Rosirene age assim? Acho muito duro alguém se motivar tanto por um salário mínimo. Mas, a resposta pra isso eu só tive hoje. Pleno domingão, duas da tarde, eu parada no sinaleiro da Tamandaré com a Assis Chateaubriand, eu a vi se dirigindo para o supermercado, enfiada no seu uniforme impecável. Ela sorria. E eu entendi tudo!

Um comentário:

Michelle Corazza disse...

Gostei do seu texto. Aliás, de mais alguns também.

Já cheguei a conclusão: nós sempre complicamos demais.

;)