quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Trem custoso, mas bão!

Hoje, voltando do trabalho, cruzei com o meu amigo (queridíssimo) Drubas e ele não demorou a me dar uma chamada:

- Abandonou o blog. Olha, 'tu te tornas eternamente responsável pelo que cativas' - ele me disse citando o Pequeno Príncipe (helo misses!), num elogio zombador bem ao seu estilo.

Taí. Estou de volta depois de uma dezena de dias visitando o Rio Grande do Sul. Fui, leonina como sou, jurando que iria zoar os tchês e báaaaaaas da gauchada. Mas, bar-ba-ri-daaaaa-de, eu é que fiquei na berlinda.

Gente, eu não tinha a menor noção do quanto eu sou goiana. E a quantidade de trem que eu falo?! Trem mais esquisito isso!!!!! É demais da conta. Aliás, essa expressão goianéeeeeerrima também arrancou boas risadas da gurizada. Falo tanto trem, no sentido de coisa, que fui contar uma história com um trem de verdade, e tive de explicar que trem - daquela vez pelo menos - era trem mesmo, com vagão e piuí. Ó o vexame!

Eu, que aqui sou tida como uma sem-acento (ainda tem hífen pelo amor de Deus? Ou nunca teve?), vi meu poRta e o pORque, sendo repedidos entre rizinhos. Mas, bem que eu me diverti com coisas malucas e totalmente incompreensíveis como "me caiu os butiás do bolso" (expressão de espanto) ou "fazer um rancho" (quando um gaúcho quer raspar as prateleiras das lojas) e ainda baia (para casa) e banda (para passeio). Tipo: vou passar na tua baia e a gente pode dar uma banda, que tu achas?

Mas, tá. Capítulo culinária. Apaixonada pelo meu estado como sou, fui carregando uma amostrinha de licores, doces típicos como pingo e vários cristalizados, doce de leite com ameixa, amarula do Cerrado e outras gostosuras da nossa terra. Mas, diante de uma pasta pequi e sem a menor idéia do que fazer com ela, alguém sugeriu colocar no estrogonofe. Fui obrigada a desaconselhar, recomendando um boa colherada num franguinho ao molho ou numa galinhada, bem mais prudente, né não?

Mas a grande rata, nesse quesito, foi minha mesmo. Quem me conhece sabe que eu sou especialista em dar foras. Me explicaram, por alto evidentemente, que o chimarrão é passado de mão em mão para promover a integração. Me ofereceram a tal cuia e, me sentindo A educada, tomei um gole e elegantemente passei a cuia pra frente. Achei de uma falta de educação enorme a tal cuia não chegar mais a minha mão! Precisou um filho de Deus pra me explicar que chimarrão se toma até roncar e só então se passa a cuia. Ôoooo trem custoso, mas bão!

5 comentários:

Pablo Alcântara disse...

Rochelle, dia desses rolou um choque de culturas mineira x gaúcha comigo aqui. Fui fazer uma matéria de lançamento de carro e diante de jornalistas de todo o país, foi um gaúcho que formou dupla no mesmo carro de testes que eu estava. O sujeito não calava a boca. Era "tche", "barbaridade", "néééé",pra todo lado. Na boa, tava de manhã, eu não conhecia o cara direito e minha mineiridade não permitia tamanha intimidade.
Descendo uma serra, quando eu dirigia de forma precavida, o gaucho me solta: "bah, mas que mineiro precavido que tú é?!! Pisa, pode pisar!". eu emendei meio já sem paciência: "então, o sujeito ali da frente deve ser mineiro também, né?".
Dessa vez, não teve integração, não. Sei lá, e o cara ainda tinha bafo. Será o chimarrão? abraço!

Rodrigo Alves disse...

Às vezes só saindo para longe de casa para perceber o quanto temos sotaque e expressões regionais, não importa de onde somos. É risível quando alguém me diz "não tenho sotaque". Oras, o simples fato de "não ter sotaque", já indica que a pessoa tem um – pode ser que ela ache que é aquele falado na TV, mistura de carioquês com paulistanês, que é idiotamente chamado de neutro - ou então é muda. Que você está de volta na blogosfera.

Deire Assis disse...

"tu te tornas eternamente responsável por aquilo q cativas." na falta de outra frase, copio a do seu amigo aí q foi atrás do Exupéry. bah, qto tempo, guria! some assim não, trem.

uma vez morreram de rir do meu jeito de falar lá em recife. vê se pode um "trem" desse! kkkk.

bjo, lindona!

Rimene Amaral disse...

seu fora me lembrou um restaurante em budapeste, onde um brasileiro com paralisia facial, tentava te explicar como se dizia: "SIIIIA. BROOOSIL IXA GUIRÔH VADJOUKE!". só pra te dizer que não precisava entortar o rosto. ele é porque tinha "poblema"!

Aline Leonardo disse...

Obrigada Marcos!
Amei o entreletras e já está entre os meus favoritos.
Um abraço!